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Myanmar. Jornalistas “Figuras do Ano” recorrem da sentença de sete anos de prisão

Lynn Bo Bo / EPA

O jornalista Wa Lone (à frente) e o jornalista Kyaw Soe Oo (atrás)

Os jornalistas da Reuters detidos em Myanmar no final de 2017, no decurso de uma investigação sobre o massacre dos rohingya, vão recorrer hoje para o Supremo Tribunal de uma sentença de sete anos de prisão.

“Estes dois jornalistas não prejudicaram, de maneira alguma, o país. Pelo contrário, prestaram um serviço incrível: cumprindo as liberdades prometidas pela Constituição de Myanmar, eles relataram a verdade”, sublinhou esta segunda-feira o editor-chefe da Reuters, Stephen Adler, em comunicado.

Wa Lone, de 32 anos, e Kyaw Soe Oo, de 28, eleitos este mês “Figuras do Ano” pela revista Time, foram sentenciados no início de setembro, numa sentença de primeira instância, a sete anos de prisão, acusados de violarem segredos de Estado.

Os repórteres da Reuters estavam a investigar a morte, em 2017, de dez rohingyas, durante ações de repressão militar contra essa comunidade muçulmana, num caso que a ONU classificou de genocídio.

A condenação tem sido amplamente divulgada em todo o mundo e é lida como o resultado de um julgamento manipulado, destinado a impedir o trabalho de jornalistas sobre as ações dos militares contra os rohingyas.

Apesar das críticas internacionais, a dirigente política Aung San Suu Kyi – prémio Nobel da Paz em 1991- considerou justificadas as detenções dos dois jornalistas, recusando-se a intervir durante o primeiro julgamento, apesar de o Governo que lidera ter tido a oportunidade de deixar cair as acusações contra eles.

Desde agosto de 2017, mais de 700 mil rohingyas fugiram para Bangladesh, em resultado da violência das forças armadas birmanesas e das milícias budistas.

A 11 de dezembro, a revista Time escolheu para Figura do Ano um grupo de jornalistas – entre os quais Jamal Khashoggi, assassinado na Arábia Saudita, e Maria Ressa, perseguida pelo regime do Presidente filipino Duterte – a que chama de “os guardiões”, presos ou assassinados durante 2018 pela sua “luta pela verdade”.

ZAP // Lusa

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