A Procuradoria da Roménia acusou esta sexta-feira o ex-presidente Ion Iliescu de crimes contra a humanidade pela morte de 862 pessoas durante a sangrenta revolta que derrubou o regime comunista de Nicolae Ceausescu em dezembro de 1989.
A acusação contra Ion Iliescu, de 88 anos, é o último passo numa longa investigação sobre a revolta contra o regime comunista de Nicolae Ceausescu, que começou na cidade de Timisoara e chegou a Bucareste.
Iliescu, então um influente líder comunista juntamente com Ceausescu, liderou a chamada Frente de Salvação Nacional (FSN), que tomou o poder após a fuga do ditador em 22 de dezembro, sendo acusado de ser o principal responsável pelas mortes nos confrontos que se seguiram, que fizeram 862 mortos e 2150 feridos.
O acusado foi nomeado presidente da Roménia em 1990, sendo posteriormente eleito democraticamente por mais dois mandatos (1992-1996 e 2000-2004). Além de Iliescu, os procuradores acusaram outras quatro pessoas, entre as quais o antigo vice-primeiro-ministro Gelu Voican Voiculescu.
Iliescu e outros funcionários da hierarquia do governo romeno manipularam e desinformaram de forma deliberada a população do país, despertando receios acerca da existência de supostos “terroristas”, com o objectivo de consolidar o seu poder.
Essa estratégia, segundo a Procuradoria, desencadeou sangrentos confrontos nas ruas, acabando por transformar a chamada revolução numa espécie de golpe de Estado.
Vários disparos indiscriminados contra civis que não mantinham nenhuma actividade hostil, por parte de militares e outras pessoas armadas, foi devida ao ambiente de paranóia criado pelos acusados, sustentam os procuradores.
A investigação tem foco no período desde o levantamento contra Ceasescu em Timisoara, a 16 de dezembro de 1989, até ao final desse mês, altura em que o ditador foi capturado e, após um julgamento sumário, foi fuzilado com a mulher, Elena Ceasescu.
“Através da instauração de uma psicose generalizada de terrorismo, foram criadas várias situações de fogo fratricida, disparos caóticos e ordens militares contraditórias”, indica em comunicado a Procuradoria, que alega que os acusados contribuíram também para “a condenação e a execução de Ceausescu após um julgamento simulado“.
Até ao momento, apenas 30 pessoas, nenhuma das quais da hierarquia do governo, foram condenadas pela violência contra civis. Entretanto, os familiares das vítimas queixam-se de abandono por parte do Estado.
// EFE
“Iliescu e outros funcionários da hierarquia do governo romeno manipularam e desinformaram de forma deliberada a população do país, despertando receios acerca da existência de supostos “terroristas”, com o objectivo de consolidar o seu poder.”Aprenderam com aquela canalha que foi derrotada no 25 de Novembro de 75 aqui. Tal e qual!
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