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Egito restringe venda de coletes amarelos com medo de protestos

Tinou Bao / Flickr

Mercado na cidade do Cairo

As autoridades do Egito restringiram a venda de coletes refletores amarelos com medo que a população replique o movimento iniciado na França durante o aniversário da revolta de 2011 que derrubou o então Presidente Hosni Mubarak e que se assinala no próximo mês.

De acordo com o The Guardian, que cita autoridades de segurança e retalhistas, os revendedores de equipamentos de segurança foram instruídos a não vender coletes amarelos, restringindo a venda apenas a empresas verificadas.

Segundo o diário britânico, mesmo no caso das empresas verificadas, as vendas devem, antes da compra, obter previamente uma permissão por parte das autoridades policiais. As autoridades egípcias avisaram os vendedores que os infratores seriam punidos, sem adiantar mais detalhes sobre esta restrição.

No centro da cidade do Cairo, onde se concentram vários pontos de venda de equipamentos de segurança industrial, seis vendedores revelarem que já não vendem mais coletes amarelos. Dois destes retalhistas recusaram a vendê-los, sem dar qualquer explicação, enquanto os quatro restantes disseram não ter sido informados pela polícia.

“[As autoridades] parecem não querer que ninguém faça o que estão a fazer na França”, disse um dos vendedores sob anonimato. Um outro vendedor, que também recusou ser identificado por medo de represálias, disse que a polícia deu indicações para que parassem com as vendas.

“A polícia chegou aqui há alguns dias atrás e disse-nos para paramos de os vender. Quando perguntamos o motivo, as autoridades disseram que estavam a agir consoante instruções que tinha recebido”, disse outro vendedor.

O Guardian acrescenta ainda que as autoridades de segurança disseram que as restrições ficarão em vigor até o final de janeiro. De acordo com esta força, os importadores destes produtos e os comerciantes foram convocados para uma reunião com polícias no Cairo durante esta semana, sendo informados sobre as regras de venda.

Os vendedores ouvidos pelos jornal falaram sob anonimato, uma vez que não estavam autorizados a falaram com os média. O Ministério do Interior do Egito, que supervisiona as forças policiais, não deu, até ao momento, esclarecimentos sobre a ordem de restrição.

A medida reflete a preocupação do Governo do Egito com a segurança do país. As autoridades têm reprimido nos últimos dois anos, enviando polícias e soldados para todo o país, de forma impedir as marchas comemorativas do 25 de janeiro, data em que se assinala o início da revolta de 2011. Dezenas de pessoas morreram e ficaram feridas durante confrontos em aniversários anteriores.

O movimento de “coletes amarelos” nasceu espontaneamente num sinal de protesto contra a taxação de combustíveis em França. As ações de contestação estão a causar grande embaraço ao Governo francês, tendo corrido mundo as imagens de confrontos entre manifestantes vestindo coletes amarelos e a polícia.

ZAP //

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