A primeira-ministra britânica, Theresa May, confirmou, esta segunda-feira à tarde, perante o parlamento britânico, que será adiada a votação do acordo do Brexit agendada para esta terça-feira, dia 11.
A decisão da primeira-ministra britânica procura evitar uma divisão do parlamento. Theresa May admitiu que o acordo seria rejeitado por uma “grande margem”, sendo, assim, adiada a votação. Todavia, a governante não avançou uma nova data. A data limite é o dia 21 de janeiro.
Durante o debate que está a acontecer na sequência do anúncio, Theresa May explicou que o voto está a ser adiado para que seja possível voltar a discutir algumas questões com a União Europeia.
“Escutei com muita atenção o que se disse nesta câmara e fora”, afirmou May, perante risos dos deputados, acrescentando que, mesmo existindo apoio a grande parte do texto, a solução para a Irlanda do Norte causou muitas objeções.
Segundo o Jornal de Notícias, a declaração foi feita naquele que deveria ser o quarto de cinco dias de debate que deveriam culminar numa votação, esta terça-feira, sobre o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia e a declaração sobre as relações futuras entre ambas as partes.
Na semana passada, a hipótese de a votação ser adiada começou a ser discutida na imprensa britânica, que deu conta de membros do governo preocupados com o conteúdo do texto e com as possíveis consequências da votação.
Dezenas de deputados do partido Conservador, atualmente no poder, manifestaram-se publicamente contra o acordo, ameaçando com uma derrota esmagadora do governo, que não tem maioria na Câmara dos Comuns, o que poderia forçar a demissão de Theresa May.
May lembrou a data limite para a realização da votação (21 de janeiro). No entanto, um tweet da Câmara dos Comuns esclareceu: “Agora que o governo disse que se chegou a um acordo político sobre o acordo de retirada e a futura relação com a UE, os requisitos para o governo fazer uma declaração na Câmara sobre um cenário de ‘não acordo’ já foi ultrapassado”.
Num segundo tweet, citado pelo Diário de Notícias, acrescenta: “Na prática a data máxima seria a de 28 de março“. Ou seja, a véspera de o Brexit acontecer.
O anúncio do adiamento chega poucas horas após o Tribunal de Justiça da União Europeia ter deliberado que o Reino Unido pode recuar na decisão de abandonar a UE unilateralmente, ou seja, sem precisar de aprovação por parte dos restantes Estados-membros.
A decisão veio alimentar a esperança dos pró-europeístas de que o Brexit seja repensado.
Reações ao adiamento
O líder dos Trabalhistas, Jeremy Corbyn, principal partido da oposição, foi o primeiro a reagir, perguntando se o governo irá procurar renegociar alterações substanciais ao acordo. O apelo de Corbyn terminou com um apelo ao afastamento da primeira-ministra: “Se Theresa May não conseguir renegociar este acordo, então deve sair do caminho“.
Em comunicado, Corbyn já tinha afirmado esta segunda-feira que o governo “não está a funcionar” e que o plano do Partido Trabalhista para o acordo do Brexit deve ser visto como central para futuras negociações.
Contudo, a porta-voz da Comissão Europeia reiterou, também esta segunda-feira, que o acordo aprovado a 25 de novembro pelo Conselho Europeu “não será renegociado” e que, no que diz respeito à Comissão Europeia, “o Reino Unido sairá da União Europeia a 29 de março de 2019”.
Segundo o Sapo24, durante o debate que está a decorrer na sequência do anúncio do adiamento, pelo menos dois deputados já confirmaram que apoiarão uma moção de censura, caso o Partido Trabalhista apresente uma.