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Touradas: “Há deputados que têm medo do PAN”

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Mário Cruz / Lusa

Manuel Alegre

Ainda sobre o polémico tema das touradas, Manuel Alegre diz que anda tudo com medo da esquerda urbana e aconselha cuidado aos políticos. “Um dia o campo pode revoltar-se.”

Em entrevista à TSF/Diário de Notícias, o histórico socialista Manuel Alegre diz que ainda não respondeu à carta aberta que o primeiro-ministro António Costa lhe escreveu. “Se lhe escrever será uma carta pessoal, não vamos andar a escrever através dos jornais.”

O poeta admitiu estar a falar do IVA das touradas e não da sua proibição, apesar de confessar que “as coisas estão todas ligadas”.

“Eu sei que há evolução, sou contra os maus-tratos aos animais, não haja dúvida nenhuma sobre isso. Mas sou pelas pessoas e sou por qualquer coisa de sagrado que há na corrida, qualquer coisa de sagrado muito antigo. Quem não percebe isso também não percebe a poesia, não percebe a literatura“, afirmou Manuel Alegre.

O histórico socialista prestou ainda uma espécie de homenagem ao PCP por ser “fiel às tradições” e “não tem medo do PAN, não tem medo do politicamente correto”.

Manuel Alegre diz saber que há quem considere que o deputado do PAN (Pessoas Animais Natureza) pode vir a ser muito útil em determinadas circunstâncias, acrescentando ainda que “há deputados do PS que têm medo do PAN”. “Anda tudo com muito medo do urbano ou da esquerda urbana. Estão muito enganados, porque as pessoas gostam de pensar pela sua cabeça, são livres.”

Neste seguimento, para Manuel alegre, falar do que é ou não é “civilização”, como fez a ministra Graça Fonseca, é algo que “fratura” o país.

“Fratura geracionalmente, fratura Lisboa e o resto do país e fratura a cidade e o campo. Os políticos que tenham cuidado, um dia o campo pode revoltar-se. Foi sempre um país uno porque respeitou a sua diversidade. Eu apoio o governo, apoio o PS e sou genuíno quando falo da minha liberdade. Eu gosto de caçar, enquanto não for proibido pelo deputado do PAN com o apoio do Partido Socialista…

No fundo, Alegre deixou claro que “não é a ministra que define o que é ou não é civilização”.

“Eu não estou fora da civilização, escrevi poemas sobre touros, o Lorca não está fora, o João Cabral de Melo Neto não está fora, o Ortega y Gasset não está fora, o Goya não está fora, o Picasso não está fora. A Guernica é o quadro-símbolo da Guerra Civil de Espanha. Sabem quais são os dois grandes símbolos que lá estão? O cavalo e o toiro. Portanto, cuidado, quando vamos falar de civilização”, apontou.

Manuel Alegre recusou ainda “engenharias sociais ou artificiais messiânicas”. “Isso tem uma carga totalitária muito perigosa”, afirmou, lembrando a notícia “sobre um grupo de mascarados, o IRA, eventualmente ligado ao PAN…”

“Muita doçura com os animais, eu acho bem, eu sou autor de um livro, Um Cão como Nós, que é um bestseller, tem mais de cem mil exemplares vendidos, gosto muito de cães e gosto muito de animais, mas não ponho os animais acima das pessoas“.

ZAP //

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1 Comment

  1. Poucas vezes estive de acordo com o Dr. Manuel Alegre.
    Tenho cá as minhas razões.
    Mas no caso presente não podia estar mais de acordo com ele.
    Direi mais, que legitimidade tem um Ministro de impor constrangimentos a touradas, caça e outros, só porque não gosta?
    E, ainda utiliza argumentos, em que trata os que gostam como bárbaros.
    A posição da Sr. Ministra é totalitária e não respeita o gosto dos outros, será isto uma vivência democrática?
    O Sr. Primeiro Ministro, devia já ter feito uma coisa simples e correta “demitir a Sr. Ministra”.

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