O ministro do Planeamento e das Infraestruturas renovou, esta terça-feira, em Madrid a intenção de o aeroporto do Montijo começar a funcionar em 2022, para resolver os problemas de crescimento de 80% no tráfico em Lisboa nos últimos cinco anos.
A nossa perspetiva é que “a solução” para o aumento do tráfego “comece a ser implementada no próximo ano, estar concluída no ano 2021, para que possa estar disponível em 2022”, disse Pedro Marques no congresso da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA no acrónimo inglês) que está a decorrer na capital espanhola.
O responsável governamental revelou que o tráfico do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, cresceu 80% nos últimos cinco anos, continuando a haver uma “procura grande para os slots (direito de pousar ou descolar em aeroportos congestionados) para os próximos verões”.
Num debate em que participou no congresso da IATA, Pedro Marques afirmou que a situação no aeroporto de Lisboa “não melhorou depois da privatização” da ANA, sugerindo que foi o crescimento do tráfego que levou aos problemas na capital portuguesa.
“Lamentei o facto de na altura da privatização da ANA [em 2012] não ter sido imediatamente decidido avançar com soluções, assim como as condições financeiras e ambientais dessa solução”, disse o ministro responsável pelas infraestruturas à Lusa.
Pedro Marques também lamentou que o país tenha debatido durante “décadas” sobre os problemas aeroportuários da região de Lisboa sem avançar para uma solução concreta. “Não é assim que devíamos, provavelmente, decidir, mas foram as condições que nos deixaram”, disse o ministro numa alusão ao anterior Governo liderado por Pedro Passos Coelho, que privatizou a ANA sem ter tomado uma decisão sobre o novo aeroporto.
Solução para o Montijo chegou a estar decidida
Sem nomear os decisores políticos, Pedro Marques recordou que “a solução chegou a estar decidida [Governo de José Sócrates] e foi depois abandonada [executivo de Passos Coelho] para não se decidir coisa nenhuma em substituição. Para se deixar tudo para resolver ao atual Governo”.
O aeroporto complementar ao de Lisboa será no Montijo, com a transformação do que é atualmente uma base militar em aeroporto civil e de forma a aumentar a capacidade desta infraestrutura. O início das obras em 2019 no Montijo depende das negociações de uma solução financeira, em curso com a ANA, e da entrega de um estudo de impacto ambiental, por parte da APA (Agência Portuguesa do Ambiente).
À margem do congresso da IATA sobre a situação dos aeroportos europeus, Pedro Marques esteve reunido com o seu homólogo espanhol, Jose Luis Ábalos, com quem preparou, entre outras questões, a cimeira bilateral entre os dois países que vai realizar-se em Valhadolid em 21 de novembro próximo.
Os dois governos pretendem “desenvolver de forma coordenada as ligações ferroviárias entre os dois países, tendo ainda sido discutido o “reforço da coordenação” entre a CP – Comboios de Portugal e a homóloga Renfe, no quadro da liberalização europeia dos transportes ferroviários, que começa em 1 de janeiro próximo.
“A nossa abordagem, dentro das regras europeias, é a de favorecer a coordenação e não a concorrência desenfreada entre a CP e a Renfe”, concluiu Pedro Marques
// Lusa