Pyongyang advertiu Washington que uma eventual declaração de fim da Guerra da Coreia não pode ser moeda de troca nas negociações sobre desnuclearização, mas o fim das sanções ao país poderá ser um passo nesse sentido.
A agência de notícias oficial norte-coreana emitiu um comunicado mencionando que Pyongyang tomou medidas significativas para acabar com as relações hostis entre os dois países, mas que os Estados Unidos estão a “tentar subjugar” o país através de sanções.
Se Washington pretende progressos na desnuclearização norte-coreana deve suspender as sanções, lê-se no comunicado divulgado.
Até agora, os EUA recusaram categoricamente qualquer alívio das sanções internacionais. Washington quer primeiro ver o fim da desnuclearização da península e que esta seja verificada de forma independente.
Uma eventual declaração de fim da Guerra da Coreia “nunca pode ser uma moeda de troca para a República Popular Democrática da Coreia se desnuclearizar”, disse a agência norte-coreana.
A Guerra da Coreia (1950-53) terminou com a assinatura de um armistício, mas nunca foi assinado um tratado de paz, por isso os dois países continuam tecnicamente em guerra.
Apelo à aplicação “rigorosa” de sanções
Na semana passada, numa reunião do Conselho de Segurança da ONU dedicada à questão nuclear norte-coreana, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, apelou à comunidade internacional para uma aplicação “rigorosa” das sanções contra a Coreia do Norte “até que a desnuclearização esteja concluída e totalmente verificada”.
Em 12 de junho deste ano, o Presidente dos Estados Unidos e o líder norte-coreano reuniram-se em Singapura numa cimeira de contornos históricos. Esta reunião entre Trump e Kim foi a primeira entre líderes destes dois países após quase 70 anos.
Contudo, as negociações entre Washington e Pyongyang têm sido complicadas e ambos os lados não têm conseguido chegar a acordo sobre a desnuclearização da Coreia do Norte.
Coreia do Sul estima que Pyongyang tenha entre 20 e 60 bombas
A Coreia do Sul estima que a Coreia do Norte tenha entre 20 e 60 bombas nucleares, mas reafirmou esta terça-feira que os esforços diplomáticos rumo à desnuclearização de Pyongyang vão continuar.
Estas declarações foram proferidas pelo ministro da Unificação sul-coreano, Cho Myoung-gyon, perante o parlamento. Esta é a primeira vez que um alto funcionário de Seul fala publicamente sobre o alegado número de armamento nuclear que a vizinha Coreia do Norte dispõe.
O Serviço Nacional de Inteligência, a principal agência de espionagem da Coreia do Sul, não se pronunciou sobre as afirmações do ministro da Unificação.
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, assinaram em meados de setembro uma declaração conjunta, que poderá ser importante para o futuro diálogo sobre a desnuclearização da península, entre Pyongyang e Washington.
Durante a cimeira, que durou três dias, os ministros da Defesa das duas Coreias, que tecnicamente continuam em guerra, assinaram ainda um histórico acordo militar, que reduz a possibilidade de se produzirem choques fronteiriços entre os respetivos exércitos.
ZAP // Lusa