O mês de setembro de 2018 vai ficar para a história. Dados provisórios do IPMA mostram que não havia um setembro tão quente desde que há registos.
Com recursos a dados até dia 27, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê que este será, “muito provavelmente”, o setembro mais quente desde que há registos, com uma temperatura média de 23,1ºC.
Segundo o Público, deste universo que vai até 1931, setembro de 1985 é o segundo mês mais quente, com uma média de 22,89ºC.
“À partida deverá ser o Setembro mais quente porque a diferença para o que vem a seguir, que foi em 1985, ainda é razoável”, explicou Vanda Pires, meteorologista da divisão de clima e alterações climáticas do IPMA, sobre os dados fornecidos ao diário a 28 de Setembro.
Haver dias quentes em setembro não é anormal. O que é pouco comum é que sejam tantos e tão constantes. As temperaturas estiveram quase sempre acima dos valores médios de 1971 a 2000, a partir dos quais o IPMA avalia o quão distante um determinado período está daquilo que se considera ser normal.
Setembro de 2018 caracterizou-se “por valores médios da temperatura do ar muito altos e muito superiores aos respetivos valores normais”. Mas, para o IPMA, a principal anomalia verificou-se na temperatura máxima: 4ºC acima do que é considerado normal.
Já os valores da temperatura média foram 2,8ºC acima do esperado para esta altura do ano e a mínima ficou 1,6ºC acima. O primeiro dia do mês de setembro foi o mais quente, tendo a temperatura máxima chegado aos 36ºC, a média aos 27,2ºC e a mínima aos 18,3ºC.
Durante o mês, o IPMA registou ainda duas ondas de calor – pelo menos seis dias consecutivos com uma temperatura máxima diária superior a 5ºC ao valor médio do período de referência. Uma, de 10 a 17 de setembro, que afetou as regiões de Trás-os-Montes, Viseu e Santarém, e outra, de 19 a 27, que só não abrangeu as regiões costeiras acima do Cabo da Roca e Algarve e o Nordeste Transmontano.
No que diz respeito à precipitação, o mês de setembro foi extremamente seco. A 27 de Setembro, “verificou-se um aumento da área em seca meteorológica em todo o território” – 91.6% estava em seca fraca e 6,8% em seca moderada.
O fenómeno pode ser explicado pelo anticiclone dos Açores que está posicionado de uma forma que está a “bloquear as massas de ar mais frias e as depressões que trazem alguma precipitação e descida da temperatura”, explicou Vanda Pires.