Milhares de pessoas saíram hoje à noite à rua na capital da Crimeia, Simferopol, e em Sebastopol, onde está estacionada a frota russa do Mar Negro, para festejar a vitória no referendo da reunificação da península ucraniana à Rússia.
Segundo noticiou a agência francesa, AFP, em Simferopol, os partidários de Moscovo brandiam bandeiras russas e da Crimeia ao ritmo de um concerto.
Em Sebastopol, milhares de pessoas faziam o mesmo, com a ajuda de álcool, gritando “Sebastopol” e “Rússia” perante artistas que executavam danças tradicionais russas.
De acordo com uma sondagem à boca das urnas, 93% dos eleitores que hoje participaram no referendo votaram a favor da integração da república autónoma ucraniana da Crimeia na Federação da Rússia.
O primeiro-ministro da Crimeia, Serguei Axionov, indicou hoje que o parlamento regional vai pedir na segunda-feira, em sessão extraordinária, ao Presidente russo, Vladimir Putin, a integração da península ucraniana na Rússia.
“Faremos tudo o mais rapidamente possível, ainda que cumprindo todos os requisitos legais”, disse Axionov à agência russa Interfax.
De acordo com o vice-primeiro-ministro da Crimeia, Rustam Temirgalev, os habitantes da península poderão obter o passaporte russo, a carta de condução e outros documentos recorrendo aos “procedimentos de urgência”.
Após o encerramento das urnas, a Comissão Eleitoral indicou que a participação foi superior a 80 por cento dos 1,5 milhões de pessoas com direito a voto – o que valida a consulta, que precisava de ultrapassar os 50 por cento de participação para ser considerada vinculativa.
Na cidade de Sebastopol, onde está estacionada a frota russa do Mar Negro, a participação alcançou 85%.
O referendo, cujas duas perguntas eram “Aprova a reunificação da Crimeia com a Rússia como membro da federação da Rússia?” e “Aprova a restauração da Constituição da Crimeia de 1992 e o estatuto da Crimeia como fazendo parte da Ucrânia?”, é considerado ilegal pelas novas autoridades de Kiev e pela maioria da comunidade internacional.
Só Moscovo defende que se trata de uma consulta “legítima”.
Seis décadas após a decisão unilateral do então dirigente soviético Nikita Khrushchev de anexar esta região tradicionalmente russa à Ucrânia, as respostas às duas questões colocadas aos eleitores da Crimeia no referendo de hoje poderão definir por muito tempo as relações entre Rússia e ocidente.
Num território habitado maioritariamente por 58,32% de russos, 24,32% de ucranianos (ambos de religião ortodoxa) e 12,1% de tártaros da Crimeia (muçulmanos), previa-se que o desfecho da consulta não fosse surpreendente, depois de uma sondagem recente ter previsto um “sim” esmagador à união com a Rússia.
Cerca de 1.200 assembleias de voto estiveram abertas em toda a Crimeia entre as 08:00 (06:00 em Lisboa) e as 20:00 (18:00 em Lisboa).
/Lusa
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