O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, adiantou nesta quarta-feira que demissões como as do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNGE) poderão repetir-se noutro hospital do país “dentro de pouco tempo”.
“Hoje estão aqui com os médicos de Gaia, mas podiam estar aqui com os médicos de outro grande hospital do Norte do país. Se calhar vão estar dentro de pouco tempo, dentro de menos tempo do que estão a pensar. Pode ser Norte, Centro ou Sul”, referiu em conferência de imprensa, no Porto, aquando do anúncio da demissão do diretor clínico e dos 51 diretores e chefes de serviço do CHVNGE.
Dizendo que o Serviço Nacional de Saúde “não está a viver uma situação fácil”, o bastonário desafiou o primeiro-ministro, António Costa, e os deputados na Assembleia da República a “valorizarem mais a saúde”.
“Estamos na altura em que vai ser discutido o Orçamento de Estado para o próximo ano, por isso, é importante que quem lidera o nosso país comece a valorizar mais a saúde dos portugueses”, frisou o Bastonário.
Miguel Guimarães recordou que é de “saúde que se trata” e que é “imperativo” que os doentes tenham acesso a melhores cuidados de saúde e que os clínicos tenham condições adequadas para trabalhar com segurança.
“É importante os clínicos não estarem numa situação em que querem ajudar, mas não conseguem porque as listas de espera são demasiado elevadas, tal como já acontece na área de oncologia em Gaia, por exemplo”, vincou.
Nesta quarta-feira, os diretores e chefes de serviço do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho demitiram-se depois de várias ameaças, nas quais denunciavam a falta de condições e recursos na unidade hospitalar. “Parece um cenário de guerra“, disse, na altura o Miguel Guimarães.
No início do mês de agosto, a falta de médicos e de recursos levou os chefes de equipa dos hospitais de Faro, Vila Nova de Gaia e Vila Real a ameaçarem com a demissão, juntando-se ao protesto lançado no Hospital Amadora-Sintra.
ZAP // Lusa
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