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Água da torneira, se faz favor (para todos menos para a Câmara de Beja)

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Está em curso uma campanha promocional a favor da água da torneira. A população de Beja coloca reservas no consumo da água da rede pública, que “sabe mal”. Já os membros do executivo municipal insistem em não dar o exemplo, continuando a beber água mineral engarrafada.

Está em curso uma forte campanha promocional a favor da água da torneira, com vários vídeos no Facebook onde adolescentes e adultos pedem, às mesas de esplanadas, cafés ou restaurantes, “água da torneira se faz favor”.

Além disso, passou a ser disponibilizada nos serviços municipalizados água da torneira “aromatizada” com morangos, uma forma de proporcionar “uma nova e e diferenciada experiência aos seus clientes”, esclarece a EMAS.

A Empresa Municipal de Águas e Saneamento (EMAS) está a levar a cabo uma forte promoção da rede pública de abastecimento. No entanto, esta dinâmica promocional e o objetivo inerente à campanha não mudaram os hábitos dos sete membros do executivo municipal que continuam a beber água mineral engarrafada.

No início de maio, o Público confrontou Paulo Arsénio, presidente da Câmara de Beja, com esta contradição. O autarca admitiu a incongruência e disse que nas reuniões do executivo municipal passaria a ser disponibilizada água da rede pública – algo que ainda não acontece.

Em fevereiro, a EMAS reconhecia que “praticamente todos os habitantes no concelho (cerca de 20 mil consumidores) preferem beber água do garrafão“. Aliás, a população, de uma forma generalizada, considerava que a água fornecida na rede pública “não tinha qualidade para ser consumida, não devendo ser bebida nem utilizada na alimentação”.

A EMAS admitia que a água da rede pública “tinha um sabor mau“, mas garantia que “era de qualidade, uma vez que cumpria todas as regras de qualidade e segurança nacionais e europeias”.

De acordo com o jornal, este argumento suscitou dúvidas nos consumidores, quando confrontados com água barrenta das inúmeras ruturas que têm assolado a rede pública de abastecimento.

As desconfianças confirmaram-se quando a empresa Águas Públicas do Alentejo (agdA), entidade que fornece a água em alta, confirmou a presença de microalgas, cianobactérias e actionomicetes na rede pública.

A campanha, atualmente em curso, insiste para que a população beba “água da torneira à confiança”, conselho que se torna difícil de aceitar quando a população interiorizou que os esgotos são lançados na barragem do Roxo, de onde é captada a água utilizada na rede pública.

Acresce ainda o facto de a União Europeia já ter multado Portugal em três milhões de euros por não respeitar a legislação comunitária por continuar a lançar na bacia do Roxo efluentes domésticos sem qualquer tratamento.

O Público avança que vão ter de ser investidos cerca de 15 milhões de euros, até ao final deste ano, na construção de uma nova ETAR e uma nova ETA. A má qualidade da água do Roxo forçaram a AgdA a recorrer à água vinda do Alqueva, por considerar a ETA di Roxo “uma estrutura obsoleta”.

Mas debilidades do sistema não ficam por aqui, e estendem-se aos ramais domiciliários. A EMAS refere que acionou uma urgente “intervenção global de substituição de ramais, que está a decorrer simultaneamente e de forma contínua, com várias frentes de obra”

Em quatro meses já foram substituídos 245 ramais em 88 ruas do concelho de Beja. 85% das ruturas incidiam sobre ramais domiciliários.

ZAP //

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