A Irlanda está pronta para acabar com a proibição do aborto. Os irlandeses aprovaram hoje por maioria, com 66,4%, a legalização do aborto, num referendo histórico.
O resultado indica que 66,4% dos eleitores votaram a favor da mudança constitucional, anunciou a comissão eleitoral irlandesa, um resultado que Leo Varadkar, primeiro-ministro irlandês, qualificou de “revolução tranquila”, com uma participação de 64,1% dos votantes.
De acordo com os primeiros resultados, 60,19% dos eleitores de Galway Leste, primeira circunscrição com a contagem feita sobre 40 existentes, disseram ser favoráveis à despenalização da legislação, atualmente uma das mais restritivas da Europa, anunciou o centro de contagem central baseado em Dublin.
Para o primeiro-ministro irlandês, em declarações ao canal público RTE, este é o culminar de “uma revolução silenciosa que ocorreu na Irlanda nos últimos dez ou 20 anos”.
“As pessoas disseram que queremos uma Constituição moderna para um país moderno, que confiamos e respeitamos as mulheres para tomarem as decisões corretas sobre a sua própria saúde”, acrescentou.
O primeiro-ministro prometeu elaborar um projeto de lei até ao verão, para aprovação antes do final do ano pelo parlamento, onde o texto deve ser adotado sem dificuldade, já que os líderes dos dois principais partidos da oposição, Fianna Fail e Sinn Fein, apoiam a reforma.
O Governo vai reunir-se, para tratar do assunto, na terça-feira. O Governo irlandês defende que as mulheres sejam autorizadas a interromper a gravidez nas primeiras 12 semanas, com assistência médica certificada.
Os profissionais de saúde terão o dever de falar e debater a opção pelo aborto com a grávida, que terá de respeitar um período de três dias de reflexão. Terminado este prazo, e se mantiver a sua vontade, poder-se-á realizar a interrupção voluntária da gravidez.
Votação histórica
Esta é uma votação histórica na Católica Irlanda. O país com uma forte tradição católica votou, esta sexta-feira, amplamente a favor da revogação da proibição constitucional do aborto.
É um dia histórico para um dos países mais conservadores da Europa. As projeções à boca da urna sugeriam que a Irlanda tinha aprovado em larga escala a legalização do aborto.
De acordo com a Reuters, a projeção à boca das urnas previa que o “sim” foi votado por 68% dos eleitores contra os 32% que votaram contra a proposta de alteração da Constituição. A previsão do Irish Times tem por base entrevistas a quatro mil eleitores à saída das urnas.
Às urnas foram chamados 3,2 milhões de pessoas para responder a um referendo à Oitava Emenda da Constituição irlandesa. A revogação resulta numa nova lei para legalizar o aborto no país.
O aborto é proibido no país e a prática dele pode resultar numa sentença de 14 anos de prisão quer para a mulher, quer para o profissional de saúde que a ajude no procedimento de interrupção de gravidez.
Esta aprovação da proposta de alteração possibilita o aborto até às 12 semanas de gravidez em qualquer situação. Depois desse tempo, o aborto só seria possível se a vida do bebé ou da mãe estiverem em risco ou se o feto tiver uma anomalia que o possa condenar à morte na gestação ou logo depois do nascimento.
Nestes últimos dias, foi possível observar no país a divisão entre as populações rurais e as populações urbanas e as divisões entre as camadas mais novas e mais velhas da sociedade irlandesa. Entre confronto de ideais foi intenso.
As projeções e a vitória do “sim” estão a ser encarados como um reflexo do declínio da influência da Igreja Católica irlandesa, que nos últimos tempos tem enfrentado as duras mudanças económicas e sociais daquele país. Os escândalos relacionados com casos de pedofilia envolvendo padres também terão tido a sua influência.
Campanha anti-aborto assume derrota
Apesar de, na altura, os votos ainda estarem a ser contados, o principal grupo da campanha contra a legalização do aborto já tinha assumido a derrota no referendo irlandês.
“Não há perspectiva que a legislação não venha a ser aprovada”, admitiu esta manhã o porta-voz da campanha contra a legalização, John McGuirk, citado pela Reuters.
A Irlanda não pertence ao Reino Unido. Não entendo o porquê de categorizaram esta notícia com a etiqueta “Reino Unido”
Mais uma derrota histórica para a igreja católica. Estes fundamentalistas inquisitórios que atentam contra a liberdade individual, como estão neste momento a fazer com a lei da eutanásia em Portugal, continuam a ser os mesmos que à 200 anos atrás queimavam vivas nas fogueiras as pessoas que se lhes opusessem. Só não o fazem ainda porque as leis não o permitem. Em Portugal, um país laico pela sua constituição, não vão a votos mas querem decidir as leis da Republica.
Carissimo,
Vejo que você é muito bom a apontar o dedo, e deduzo que a sua conduta como criatura humana seja acima de todas as outras, perto da perfeição.
A Igreja, dita Corpo de Cristo, é Santa, mas é composta por homens – os homens cometem erros, e por isso o Caminho da Fé é exactamente um caminho de conversão pessoal, vivido em Comunidade.
Essa questão da inquisição, é preciso contextualizar no tempo; não estou a querer desculpar, mas, parece-me que há muita poluição ao seu redor. É preciso estudar, procurar a Verdade, para então chegar a uma conclusão séria e imparcial.
Quanto à liberdade individual, que na verdade não existe, porque estamos “limitados” pelas leis impostas pelas maiorias ou ao serviço de ideologias filosóficas e politicas, sabemos muito bem ao que nos conduziu e ao que nos está a conduzir: guerras, tudo é descartável: bebés, velhos, casamentos, etc., a ideia de que não existe verdades.
Mas na verdade, o que está por trás é a destruição da ética, da moralidade, da familia, e não interessa os meios, o importante é o fim. A confusão total.
Sem querer provocar, convido-o a vir viver a experiência do crescimento na fé, numa comunidade, perceber o que é receber as Graças de Deus.
Paz consigo.