O Presidente norte-americano anunciou que os Estados Unidos abandonam o acordo nuclear assinado entre o Irão e o grupo dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha. O Irão e o resto do mundo não demoraram a reagir.
Numa declaração à imprensa na Casa Branca na terça-feira, Donald Trump anunciou que “os Estados Unidos se vão retirar do acordo nuclear com o Irão. Voltaremos a impor o nível mais alto de sanções económicas”.
As reações à decisão do presidente dos EUA não se fizeram esperar, tendo a mais agressiva até agora sido a dos deputados iranianos que, em forma de protesto, pegaram fogo a uma bandeira de papel dos Estados Unidos no Parlamento.
Na mesma ação, os deputados queimaram ainda uma folha de papel que representava o acordo nuclear. Junto com as queimadas, foram ouvidas as palavras “Morte à América”, que há muito são usadas no Irão, desde a Revolução Islâmica, que ocorreu em 1979.
O Presidente iraniano, Hassan Rohani, reagiu também à decisão de Trump anunciando que o país se “vai manter” no acordo nuclear de 2015, se os seus interesses forem garantidos. Caso contrário, tomará decisões posteriores.
“Devemos ser pacientes para ver como os outros países reagem”, disse Rohani, numa alusão às restantes potências que assinaram o acordo nuclear, e sugerindo que pretende discutir com europeus, russos e chineses.
O acordo foi concluído em julho de 2015 entre o Irão e o grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – EUA, Rússia, China, França e Reino Unido – e a Alemanha) e visa, em troca de um levantamento progressivo das sanções internacionais, assegurar que o Irão não desenvolve armas nucleares.
Conseguido depois de 21 meses de duras negociações, o acordo foi assinado, por parte dos Estados Unidos, pelo antecessor de Trump, Barack Obama.
Assim, Rouhani assegura que o acordo tem “possibilidade de sobreviver”, caso os outros países façam frente a Trump, acrescentando contudo ter dado indicações à agência de energia atómica do país (AEOI) para retomar o enriquecimento de urânio caso o acordo colapse. “Isto é uma guerra psicológica. Não vamos permitir que Trump vença”, afirmou à televisão estatal.
Agora, de acordo com a Reuters, o parlamento iraniano está a preparar uma resposta à decisão do presidente dos Estados Unidos, pelo que irá ser votada uma moção para aplicação de um pacote de medidas “proporcionais e recíprocas” contra os EUA.
Macron, May e Merkel reagem a Trump em conjunto
Angela Merkel, Theresa May e Emmanuel Macron querem manter o acordo e pedem aos restantes países para também o fazerem e fazerem-no com “responsabilidade”.
Num comunicado conjunto, os três líderes dizem-se “preocupados” com a decisão e invocam razões de segurança para justificar a necessidade de manter o compromisso. Também pedem aos EUA que mantenham a estrutura do acordo “intacta” e evitem “ações que possam constituir um obstáculo à sua implementação pelas restantes partes”.
Merkel, May e Macron lembram que o acordo foi aprovado por unanimidade no Conselho de Segurança das Nações e sublinham que o Irão continua a respeitar as restrições que lhe foram impostas, conforme tem verificado a Agência Internacional de Energia Atómica, que faz visitas regulares ao país.
A Rússia também reagiu ao anúncio de Donald Trump, dizendo-se “profundamente desapontada” com a decisão do Presidente norte-americano. “Estamos profundamente desapontados pela decisão do presidente norte-americano de sair unilateralmente” do acordo e de “restabelecer as sanções norte-americanas contra o Irão.”
Segundo Moscovo, a decisão de Trump “é uma nova prova da incapacidade de Washington para negociar” e as “queixas norte-americanas sobre a atividade nuclear legítima do Irão servem apenas para acertar contas políticas” com Teerão.
“Não há qualquer razão para minar o acordo que provou a sua eficácia”, sublinha a diplomacia russa, adiantando que a Agência Internacional de Energia Atómica tem confirmado que Teerão está a respeitar os seus compromissos.
O Kremlin já tinha alertado Washington contra o abandono do acordo, considerando que a decisão representaria um duro golpe para o regime da não-proliferação nuclear. Moscovo e Teerão têm boas relações políticas e económicas e são os dois principais aliados do regime sírio de Bashar al-Assad.
Obama lamenta “erro grave” de Trump
“Penso que a decisão de colocar o acordo em risco sem qualquer violação do acordo pelos iranianos é um erro grave“, indicou o ex-Presidente dos EUA, numa declaração feita em tom particularmente firme.
Sem este acordo, assinado em 2015 após perto de dois anos de negociações internacionais, “os Estados Unidos poderão no final encontrar-se perante uma escolha perdedora entre um Irão com a arma nuclear ou uma outra guerra no Médio Oriente”, alertou.
“A realidade é clara”, insistiu. O acordo, que é “um modelo do que a diplomacia pode conseguir”, funciona e “é do interesse da América”, disse, lamentando uma decisão que significa virar as costas aos “mais próximos aliados da América”.
“Numa democracia, haverá sempre mudanças de políticas e de prioridades de uma administração para outra. Mas desrespeitar de modo sistemático os acordos do qual o nosso país é parte pode corroer a credibilidade da América”, adiantou Obama. O ex-presidente defende ainda que os debates nos Estados Unidos se “deviam basear nos factos”.
Portugal “lamenta bastante” saída dos EUA e espera determinação dos restantes
“Lamentamos bastante a decisão dos Estados Unidos. Nós, Portugal e a União Europeia, tudo fizemos para convencer os nossos amigos americanos a não darem este passo“, afirmou hoje Augusto Santos Silva, em declarações à agência Lusa.
O Governo português vê o acordo como “um instrumento positivo”, com o objetivo de “impedir que o Irão chegue à produção de armas nucleares próprias”, referiu o governante, sublinhando que, segundo a Agência Internacional de Energia Atómica, o Irão “tem cumprido até agora os compromissos que assumiu”.
O chefe da diplomacia portuguesa advertiu que a decisão dos EUA pode ter consequências negativas, nomeadamente para o “isolamento iraniano e o enquistamento ainda mais intenso do regime iraniano”, bem como uma “escalada da conflitualidade que hoje já é evidente no Médio Oriente”.
Consequências que, para o Governo português, podem ser mitigadas se os restantes signatários do acordo nuclear “mantiverem a sua posição”. “Esperamos que esta saída dos Estados Unidos seja compensada pela determinação das restantes partes signatárias do acordo no seu cumprimento”, sublinhou Santos Silva.
O ministro disse compreender as críticas da administração norte-americana ao Irão.
“Dizem, e bem, que o Irão é hoje um elemento de desestabilização de todo o Médio Oriente, que desenvolve um programa de mísseis balísticos que também constitui uma ameaça e que faz violações sistemáticas dos direitos humanos. O Irão pode ser criticado em todas estas frentes”, sublinhou.
Razão, aliás, que levou a União Europeia a levantar sanções por causa do programa nuclear, mas a manter as sanções que tinha aplicado por causa destes comportamentos noutras dimensões, nomeadamente no que diz respeito aos direitos humanos, lembrou.
“A melhor maneira de interagir com o Irão é nós cumprirmos aquilo com que nos comprometemos no acordo nuclear e exigir ao Irão que melhore o seu comportamento em todas as outras dimensões”, considerou Santos Silva.
O Governo português concorda com o debate que está atualmente a decorrer no seio da União Europeia, com França, Reino Unido e Alemanha a defenderem um agravamento das sanções ao Irão, face aos “desenvolvimentos recentes no programa de mísseis balísticos”, mas “mantendo o acordo nuclear”, acrescentou.
Quem, por outro lado, saiu em defesa da decisão de Donald Trump foi Netanyahu. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, felicitou o Presidente norte-americano Donald Trump pela sua decisão em abandonar o acordo nuclear com o Irão e voltar a impor sanções ao país.
“O Presidente Trump tomou uma decisão valente“, disse Netanyahu, que agradeceu em nome de todos os israelitas as medidas do Presidente dos EUA “para travar a atitude agressiva do Irão”.
ZAP // Lusa
Os iranianos estão muito chateados porque lá se vai o dinheirito do petróleo que depois utilizam para financiar o terrorismo.
Lá está… Mais uma brilhante do Nobel da Pás!.. Pás!.. Pás!..
Com tanta arma que este Trump(a) quer distribuir pelos cidadãos, não haverá nenhuma alma caridosa que lhe espalhe os miolos pela praça pública?
O dinheiro q o Obama deu ao Irao, foi direitinho para financiar o terrorismo do Hamas e outros