Os médicos iniciaram, à meia-noite desta terça-feira, três dias de greve nacional, uma paralisação que os sindicatos consideram ser pela “defesa do Serviço Nacional de Saúde”.
A reivindicação essencial para esta greve de três dias é “a defesa do SNS” e o respeito pela dignidade da profissão médica, segundo os dois sindicatos que convocaram a paralisação – o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
Em termos concretos, os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma diminuição progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são de cerca de 1.900 doentes.
Entre os motivos da greve estão ainda a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, o descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma.
Para hoje à tarde, a FNAM agendou ainda uma concentração em frente do Ministério da Saúde, em Lisboa.
A paralisação nacional de três dias, que termina às 24h00 de quinta-feira, deve afetar sobretudo consultas e cirurgias programadas, estando contudo garantidos serviços mínimos, como as urgências, tratamentos de quimioterapia, radioterapia, transplante, diálise, imuno-hemoterapia, cuidados paliativos em internamento.
Em declarações aos jornalistas à porta das consultas externas no Hospital São José, em Lisboa, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Paulo Roque da Cunha, disse que os primeiros dados de adesão à greve se prendem fundamentalmente com os blocos operatórios, vão no sentido do que os sindicatos previam e demonstram “o grande descontentamento que existe entre os médicos”.
Segundo Roque da Cunha, estão encerrados todos os blocos operatórios de Faro e Portimão, no Algarve, em São José e Santa Maria (Lisboa). No Hospital de São João e em Matosinhos, no Porto, está apenas um bloco a funcionar.
Em relação às consultas externas, o dirigente sindical disse que ainda é cedo para ter um ponto de situação, uma vez que decorrem ao longo do dia, mas os dados preliminares das unidades de saúde familiar (USF) e das consultas externas dos hospitais apontam para um número muito próximo dos 80% de adesão.
A Ordem dos Médicos já veio publicamente apoiar a greve, por considerar que existem “razões objetivas” por parte dos profissionais. O bastonário disse mesmo que participar na paralisação é “defender a qualidade dos cuidados de saúde e os doentes”.
Depois de duas greves nacionais em 2017, os médicos paralisam este ano pela primeira vez, com os sindicatos a considerar que o Governo tem sido intransigente e tem desperdiçado as oportunidades de diálogo com os sindicatos.
ZAP // Lusa