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Mireille não acreditava na maldade. Foi assassinada por ser judia

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Mireille Knoll

Mireille Knoll, a francesa que não acreditava na maldade humana

Políticos, religiosos e organizações judaicas em França reagem com consternação, condenando o assassínio da francesa Mireille Knoll, de religião judaica, e apelando a uma marcha condenando o anti-semitismo.

Com 85 anos, Mireille Knoll, francesa de confissão judaica, não acreditava na maldade do ser humano. Foi encontrada morta no seu apartamento em Paris. No quarto, uma foto da velha senhora, de rosto alegre e sorridente, que depois de ter escapado ao holocausto acabou por morrer carbonizada em casa.

A polícia prendeu dois suspeitos, um dos quais seu vizinho, que terá apunhalado a idosa e ateado fogo ao seu apartamento, no XI° bairro da capital gaulesa. O autor do crime, muçulmano, desferiu 11 golpes sobre a idosa com uma arma branca e lançou fogo ao seu apartamento.

Já conhecido por roubo e agressões sexuais, o homicida sabia da religião da vítima. Segundo o cúmplice, terá gritado “Allah Akbar”, Deus é grande, enquanto esfaqueava Mireille. A expressão tem sido usada por jihadistas muçulmanos em acções terroristas.

A polícia abriu um inquérito aos dois suspeitos, acusados de crime com motivações raciais.

Durante a II Guerra Mundial, Mireille Knoll tinha conseguido fugir da grande operação conhecida em França como “Rafle de Vel d’Hiv”, na qual milhares de judeus foram detidos durante e enviados para os campos de concentração nazi entre os dias 16 e 17 de julho de 1942. Depois de fugir com um passaporte brasileiro, refugiou-se em Portugal.

O presidente francês, Emmanuel Macron, denunciou “o crime hediondo” e reafirmou a sua determinação absoluta em lutar contra o antissemitismo.  “O assassínio de uma idosa sem qualquer outra razão a não ser o facto de ser judia é completamente inaceitável”, declarou o líder do República em Marcha, partido no poder.

O assassinato provocou grande comoção na comunidade judaica, e acontece um ano após a morte de outra idosa judia, Sarah Halimi, de 65 anos, também vítima de um ataque anti-semita cometido por um vizinho.

Organizações religiosas e judaicas lançaram um apelo nas redes sociais a uma “marcha branca” pela memória de Mireille, tendo convocado uma grande manifestação contra a violência para esta quarta-feira. Também Anne Hidalgo, presidente da câmara local, convida os parisienses a manifestar-se em protesto pela morte da idosa.

O protesto tem início às 18h30, os participantes deverão comparecer de branco – para homenagear a senhora que não acreditava na maldade de quem a assassinou, e para mostrar que também são todos Mireille.

ZAP // RFI

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