Trabalhadores portugueses têm mais estudos do que os patrões

SXC

A maioria dos trabalhadores portugueses têm melhores qualificações do que os seus patrões. A conclusão é de um estudo do Observatório das Desigualdades do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.

De acordo com esta análise divulgada pela TSF, os patrões portugueses têm, em média, menos estudos do que os seus trabalhadores.

Mais de metade dos empresários do sector privado tem apenas o 9.º ano de escolaridade (54,6%), enquanto o número de trabalhadores apenas com o Ensino Básico se fica nos 43,7%.

Com qualificações ao nível do Ensino Secundário há 28,6% trabalhadores e 23,5% empregadores. Essa diferença de estudos aumenta ainda mais no Ensino Superior, com 27,1% dos trabalhadores a terem formação deste nível contra apenas 20,1% dos patrões.

Analisando estes dados, o investigador Renato Carmo, envolvido na pesquisa, constata que o facto de termos “empresários com um nível de escolaridade relativamente baixo”, “tem consequências no modo como o próprio mercado de trabalho se vai organizando”, nomeadamente quanto “às lógicas de contratação que, muitas vezes, não valorizam a qualificação como um elemento fundamental de investimento”.

Frederico Cantante, outro investigador envolvido no estudo do ISCTE, nota que estas baixas qualificações dos empresários também promovem a continuidade de atrasos estruturais na economia nacional.

“É um bocado aquele efeito dos espelhos, se temos baixas qualificações, muitas vezes acabamos por entender que esse tipo de recursos não são suficientemente importantes e acabamos por não valorizar isso ao nível dos nossos trabalhadores, e portanto, a tal formação ao longo da vida acaba por ter baixos níveis em Portugal”, conclui.