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Apartamento de luxo e jipe de Rangel estariam a ser pagos com “luvas”

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José Sena Goulão / Lusa

O juiz desembargador Rui Rangel

Os três mil euros de ordenado como juiz desembargador não bastavam para pagar os gastos de luxo de Rui Rangel, segundo a teoria do Ministério Público que acusa o magistrado de viver à custa de “luvas” pagas em troca de decisões judiciais.

Estes dados são divulgados pelo Correio da Manhã que faz as contas aos gastos do magistrado que é o principal arguido da Operação Lex, a par da ex-mulher Fátima Galante, também juíza desembargadora, e do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira.

De acordo com o diário, os 3 mil euros de salário como juiz desembargador não seriam suficientes para suportar a renda de 2 mil euros de um apartamento de luxo em Algés, Oeiras, e para a prestação do empréstimo de compra de um jipe Range Rover novo que rondará mais de 500 euros. A isto acrescem ainda as despesas de um pai de três filhos, dois dos quais menores.

O Ministério Público suspeita, assim, que Rangel foi “financiado” por “diferentes empresários” que “terão corrompido o juiz em processos judiciais que decidiu” no Tribunal da Relação de Lisboa.

O advogado José Santos Martins, um dos cinco detidos da Operação Lex, seria o “pivô do esquema”, atesta o jornal, notando que este “amigo de longa data de Rangel, organizava-lhe a rede de contactos, além de receber e guardar dinheiro para o magistrado”.

Santos Martins terá também convencido o filho, Bernardo Santos Martins, outro dos detidos do caso, a disponibilizar a sua conta bancária para receber 300 mil euros alegadamente pagos por José Veiga a Rui Rangel, no âmbito de processos em que o ex-empresário de futebol esteve envolvido, nomeadamente na Operação Rota do Atlântico.

As suspeitas em torno de Rangel surgiram precisamente no âmbito da Operação Rota do Atlântico, conforme anunciou a Procuradoria Geral da República, explicando que “estão em causa suspeitas de crimes de recebimento indevido de vantagem, ou, eventualmente, de corrupção, de branqueamento de capitais, tráfico de influência e de fraude fiscal”.

O MP suspeita que Rangel tinha vários “testas-de-ferro” que guardavam nas suas contas bancárias o dinheiro pago por decisões judiciais favoráveis em vários processos, tomadas por ele ou por sua influência.

Entre os alegados beneficiados por essas decisões estão Luís Filipe Vieira, constituído arguido no processo com Termo de Identidade e Residência, e o empresário Álvaro Sobrinho, entre outros.

São também arguidos no processo o vice-presidente do Benfica, Fernando Tavares, a actual companheira do juiz, Rita Figueira, que está detida, e o pai desta, Albertino Figueira.

A RTP inclui também o nome de Nuno Proença, que terá ligações à família de Rita Figueira, na lista de arguidos do caso, por suspeitas de ter ocultado dinheiro de Rangel na sua conta bancária.

São ainda arguidos o antigo presidente da Federação Portuguesa de Futebol, João Rodrigues, um funcionário judicial do Tribunal da Relação de Lisboa, Octávio Correia, um dos advogados de Vieira, Jorge Barroso, e outra ex-mulher de Rangel, Bruna Amaral, conforme nota a revista Sábado.

Do rol de 13 arguidos, cinco estão detidos, em prisão preventiva, e têm vindo a ser interrogados desde quarta-feira.

Rangel só deverá ser ouvido no âmbito do processo, no Supremo Tribunal de Justiça, na próxima semana, entre 8 e 9 de Fevereiro.

ZAP //

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10 Comments

  1. Este Rangel já á muito tempo que devia de ser investigado, julgado e condenado. Só não via quem não queria ver que este sr. gajo está metido nas ladroagens, senão vejamos quem colocou o Sr. JS fora da prisão, este Rangel tudo fez p/ que JS fosse fora da prisão. Pela simples razão que ele também está lá metido e claro está que não quer ser incriminado… Voçês politicos, juízes, advogados pensam que todos nóes somos Burros que não temos cabeça p/ pensar. Mas nem todos…

  2. Este que vendia acórdãos por bom dinheiro. Quando alguma coisa do 44 lhe caía nas mãos era logo decidido a favor do outro bandido. Do que estão à espera de o pôr a apodrecer numa prisão de alta segurança???

  3. Veremos o que tem mais peso. Se a Justiça, se o corporativismo dos juízes…
    Ainda não acredito que vá ver um juiz atrás das grades. Muito menos um presidente do Benfica.

    • Também acho. Um juiz desembargador, e até sem ser desembargador, ganha muitíssimo mais do que 3.000,00 euros/mês. Vou tentar averiguar.

        • Verifiquei na DGPJ. O vencimento de um juiz desembargador varia, de acordo com a categoria, anos de serviço, função, entre 6.721,60 (vencimento bruto + subsídio de compensação) e 8.090,40. Alguns também usufruem, incluídas nestes valores, de despesas de representação. Pareceu-me curto 3.000,00 euros. Confirma-se.

    • Sr. João Cezilia, eu não sou jornalista mas tive a curiosidade de verificar qual é o salário mensal de um juiz e para minha surpresa não ultrapassa os 3600€.
      Eis por conseguinte uma das razões ( embora não justificáveis) pela qual estas pessoas facilmente se deixam influenciar pela “ gratificação instantânea” que tanto agrada aqueles que não pensam a longo prazo.

  4. Qualquer dia mandam apagar todos os filmes de James Bond por causa do sexismo machista no uso das Bond Girls e vão pedir que num próximo episódio ainda haja os Bond Boys. Respeitem as tradições, Tanta modelo gira que vai ficar sem emprego!

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