Escola investigada por suspeita de discriminar alunos de etnia cigana

Pais acusam a escola de ter uma única turma para todas as crianças de etnia cigana, deficientes ou de raça negra. Além disso, estas crianças são obrigadas a comer de pé e junto ao lixo.

O Público avança que, após as denúncias de alegadas agressões verbais e físicas por parte de funcionários e de discriminação de crianças de outras etnias, a Escola Básica Major David Neto, em Portimão, está sob investigação.

Foi há cerca de duas semanas que a mãe de uma aluna do 4º ano denunciou alegados maus tratos à filha. A criança queixa-se de ter sido empurrada por uma funcionária no refeitório do estabelecimento, mas as queixas relativas a atos discriminatórios a crianças de etnia cigana já se verificam há três meses.

A autarquia já terá tomado uma posição, com a presidente da Câmara, Isilda Gomes, a confirmar que proferiu um despacho com “carácter de urgência, para que seja aberto um processo de averiguações para apurar toda a verdade”, no que diz respeito à funcionária da autarquia visada nas acusações de “maus tratos” no refeitório.

Além disso, a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (Dgeste) – através da direção de serviços regionais do Algarve – está também a averiguar as alegadas práticas discriminatórias. Na próxima segunda-feira, a direção do Agrupamento de Escolas Manuel Teixeira Gomes, a que a escola em causa pertence, vai decidir o âmbito do “processo de inquérito interno” para apurar responsabilidades ao nível do estabelecimento de ensino.

A diretora do agrupamento, Maria Goreti Martins, garantiu que a turma em questão “não é a única que tem alunos de etnia cigana” e que “há outras em que os alunos de outras etnias, vindas de outros países, estão em maior número do que nesta”.

No entanto, recusou-se a dar qualquer informação sobre as queixas, alegando que estão a “decorrer averiguações” a diferentes níveis. A Provedoria de Justiça e o Ministério da Educação também receberam a queixa da mãe e já pediram esclarecimentos.

Segundo os pais, a situação toma mais relevância, ao tomarem conhecimento de que as crianças de etnia cigana comem de pé, alguns deles colocados estrategicamente perto do caixote do lixo”.

“São agredidos (não só eles, mas começou tudo por eles) fisicamente e verbalmente, existem palavrões fortíssimos dentro do refeitório da parte dos funcionários do mesmo”, lê-se no documento.

Os pais denunciaram ainda situações de insuficiência de comida, exemplificando com “a divisão ao meio de um filete” por outras crianças.

“A situação torna-se ainda mais grave quando a queixa foi apresentada e a senhora diretora da escola tomou conhecimento, dirigiu-se à sala de aula procurando pela minha filha porque eu me identifiquei na queixa e os foi ameaçar a todos, pois não poderiam contar aos pais o que se passa na escola”, refere o documento.

ZAP // Lusa

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