Uma investigadora da Universidade da Califórnia descobriu uma espécie de tubarão-martelo que tem uma alimentação de tipo vegetariano, ingerindo ervas marinhas. Um caso que está a surpreender a comunidade científica.
Os tubarões são conhecidos como temíveis animais carnívoros, sendo geneticamente “construídos” para caçar presas, com os dentes afiados e os sentidos apurados.
Mas o tubarão-de-pala, uma espécie de tubarão-martelo que se fica pelos cerca de 1,5 metros de comprimento, pode ser o primeiro tubarão “vegetariano”, segundo revela a investigadora da Universidade da Califórnia, Samantha Leigh.
Os tubarões-de-pala eram conhecidos, até agora, por se alimentarem sobretudo de crustáceos. Mas Samantha Leigh descobriu que também consomem ervas marinhas e que são capazes de as digerirem com facilidade, conforme escreve o jornal científico Earth Touch News.
A investigadora estudou a alimentação destes predadores, sujeitando-os a uma dieta de ervas marinhas marcadas com carbono-13, para poder detectar se os nutrientes da comida vegetal eram absorvidos pelo organismo dos tubarões.
Os resultados revelaram que cerca de 56% das ervas ingeridas foram decompostas pelo intestino dos tubarões, sendo as restantes excretadas. Dados que surpreendem, já que, “pelo que sabemos, os tubarões são, em grande parte, carnívoros e, presumivelmente, têm estômagos optimizados para uma dieta rica em proteínas e rica em lípidos”, destaca Samantha Leigh citada pelo Earth Touch News.
“O tubarão-de-pala é a única espécie de tubarão que consome grandes quantidades de ervas marinhas (até cerca de 60% da sua dieta)”, nota a investigadora.
Samantha Leigh admite que este pode ser um consumo “acidental”, que ocorre enquanto os tubarões “pilham itens de outras presas nos leitos de ervas marinhas”. Um dado que, a confirmar-se, torna ainda mais surpreendente que consigam digerir as plantas, o que não é típico de outros carnívoros.
A análise dos químicos intestinais dos tubarões revelou a presença de enzimas para a digestão de gorduras e proteínas típicas da carne, mas também para a digestão de celulose, componente das plantas conhecida por ser difícil de digerir.
“É comparável às jovens tartarugas marinhas que são estritamente herbívoras e que se alimentam das mesmas ervas e que vivem nos mesmos habitats que os tubarões-de-pala”, destaca Samantha Leigh.
A grande pergunta que urge responder é como é que os tubarões conseguem digerir as ervas marinhas tão bem. Samantha Leigh acredita que pode ter a ver com os micróbios, nomeadamente as bactérias intestinais. E esse é o próximo passo da investigação.