Foram candidatos em listas contra o partido e esse é o argumento da direcção para abrir os processos. O secretário nacional responsável pela organização do partido diz que a situação não podia “passar em branco”. Agora arriscam a pena de suspensão.
320 militantes do PS foram informados por carta que a direção do partido lhes tinha instaurado um processo disciplinar, que pode ter como pena a suspensão.
Segundo o Público, em causa estará o facto de os socialistas terem sido candidatos às autárquicas em listas independentes, “uma violação grosseira e desleal dos seus deveres como militante do PS, sendo tal violação grave, ofensiva e atentatória da salvaguarda da unidade, prestígio e bom nome do PS”.
Na carta, os militantes são informados de que têm 10 dias para apresentar “argumentos, factos e circunstâncias que possam contrariar a imputação ora feita, de grave, desleal e ofensiva violação dos seus deveres de militante socialista“.
O secretário nacional responsável pela organização do partido, Hugo Pires, explica que a direção socialista detetou “320 casos de militantes que se candidataram contra as listas do partido”. O dirigente reconhece que “as pessoas são livres”, mas argumenta que “os militantes do PS têm direitos e deveres, que não foram cumpridos” neste caso. “Foi uma má prática e a direcção não pode deixar passar em branco”.
As defesas apresentadas pelos militantes serão analisadas pela comissão permanente que decidirá se “há ou não suspensão provisória”, a qual pode vir a ser transformada em “suspensão de facto pela Comissão Nacional de Jurisdição”.
Dois militantes já confirmaram que vão responder à missiva.
José Ribeiro, presidente da Assembleia Municipal de Fafe, vai alegar que não foi candidato contra o PS, o PS é que foi candidato contra nós“. E insistindo, frisa: “Nunca neguei, na campanha ou agora, a minha condição de militante do PS. Nunca me insurgi contra qualquer posição do PS. Actuei contra os adversários do PS que se juntaram ao PS para fazerem um aproveitamento, oportunisticamente, das listas do partido”.
João Rodrigues, vereador da Câmara de Góis, vai falar “numa questão de ética” e acrescenta que na sua situação estão “todos os militantes do PS” que o “acompanharam na candidatura independente, cerca de dez, alguns que fundaram o PS em Góis”. Garante que, depois das cartas chegarem, já teve de pedir a “algumas pessoas para não entregarem o cartão, pois há quem o queira fazer”, e desabafa: “Eu sou militante há anos, trabalhei com Fausto Correia, Alberto Martins, trabalho para o PS desde o tempo de Lopes Cardoso, de quem já ninguém se lembra.”
Sobre o caso concreto, defende que continua “a ser socialista” e diz não se rever “nesta acusação nem nesta ditadura que está instalada no PS de Góis”.
Isso é que é Liberdade !
Acho bem… quiseram um cartão de carneiro, agora só têm de balir com o rebanho.