Consagrada como dançarina na Paris da Belle Époque e mais tarde acusada de espionagem a favor dos alemães, a mítica dançarina Mata Hari foi executada por um pelotão de fuzilamento francês em 15 de outubro de 1917.
A espia mais famosa do mundo, Mata Hari, volta este domingo a Leeuwarden, a cidade no norte da Holanda que a viu nascer, com uma exposição que festeja o centenário da sua morte.
Antes de se transformar em mito, Margaretha Zelle era uma jovem simples, de uma família do norte da Holanda. O pai era vendedor de chapéus, um negócio lucrativo no fim do século XIX, o que permitiu que Margaretha tivesse tido aulas particulares de francês, alemão e inglês.
“Na colecção podemos ver que era muito boa em idiomas. Já na sua infância tinha um sentido internacional da vida“, explicou à EFE o director do Museu da Frísia, Kris Callens.
A exposição reuniu dezenas dos seus objectos pessoais, fotografias, álbuns que a própria dançarina fazia de artigos jornalísticos e relatórios militares dos seus trabalhos de espionagem para os serviços secretos.
“A ideia da exposição é caminhar com Mata Hari ao longo da sua vida. Não era só uma espia ou uma dançarina“, explica o conservador do museu, Yves Rocourt, “Mata Hari foi também Margaretha, uma pequena menina da Frísia, que teve uma infância feliz, que se transformou em mãe mais tarde, e que passou por muito na sua juventude“.
Mata Hari brilhou pela primeira vez em Paris a 13 de março de 1905. Mesmo numa cidade habituada à sensualidade, a dançarina tirava o fôlego aos espectadores – os seus gestos graciosos transformavam-se em contorções insinuantes e, no fim, uma beldade completamente nua surgia à frente das fascinadas damas e cavalheiros da alta sociedade.
A estrela de Mata Hari como dançarina brilhou durante poucos anos, e o interesse por ela diminuiu. Em 1914, um ex-amante lhe propôs-lhe, de forma surpreendente, um contrato para o Teatro Metropolitano de Berlim. De repente, voltou a ter sucesso. Ministros, oficiais e até o príncipe herdeiro contavam-se entre os seus novos amantes.
A 1 de agosto de 1914, explodiu a Primeira Guerra Mundial. Não podendo ir para o “país dos inimigos”, a França, Mata Hari regressoi à Holanda, que manteve a neutralidade durante o conflito. Numa festa social, em maio de 1916, conheceu o adido de imprensa da embaixada alemã em Haia, Karl Kramer, membro dos serviços secretos.
Poucos dias mais tarde, Kramer procurou Mata Hari, mas por um motivo diferente do que levava todos os homens até à mítica dançarina. Kramer não lhe falou de amor ou sexo, mas de pequenas tarefas que poderia executar em Paris e que o povo alemão saberia estimar. Tratava-se de espionagem.
“Lembrei-me dos meus valiosos casacos de pele, que tinham sido confiscados em Berlim, e achei que essa era a oportunidade ideal para os recuperar. Por isso, escrevi a Kramer e aceitei a oferta“, revelou mais tarde Mata Hari.
A oferta do agente alemão era de 20 mil francos. Com a alcunha de H21, Hari entrou para a lista dos agentes do serviço secreto alemão. A mais glamorosa espia de sempre não chegou a revelar nenhum grande segredo, mas chamou a atenção dos agentes franceses. Em 1917, com o mundo farto da guerra, foi o bode expiatório perfeito.
Mata Hari foi presa a 13 de fevereiro de 1917. Os interrogatórios duraram meses, e ninguém conseguiu provar nada contra ela, mas foram descobertos os 20 mil francos de Kramer. A punição para espionagem era a pena de morte.
Sete meses após a sua prisão, a 15 de outubro de 1917, Mata Hari foi executada em Vincennes por 12 soldados de um regimento francês de artilharia. Recusou usar uma venda nos olhos. “Quero olhar os soldados nos olhos”, disse a dançarina, “Tenho orgulho do meu passado e não fui uma espia. Eu fui Mata Hari“.
ZAP // EFE / Deutsche Welle
Ainda está viva? (presa a 13 de Fevereiro de 2017)
Caro Luís Rodrigues,
Obrigado pelo reparo. Está corrigido.
Em 1914, um ex-amante lhe propôs-lhe…