O antigo autarca do Porto justificou, esta quarta-feira, a sua candidatura à liderança do PSD com “a situação particularmente difícil” do partido e por não estar preso a qualquer compromisso.
Na apresentação da sua candidatura em Aveiro, Rui Rio explicou a recusa em disputar a presidência do partido em 2008 e em 2010 por se encontrar, na altura, a cumprir o mandato à frente da Câmara do Porto e com o facto de, então, o PSD viver “momentos de relativa normalidade”.
E até citou uma frase de António Costa, como destaca o Correio da Manhã, para justificar ter ficado de fora nesses dois momentos. “Na política, como na vida, palavra dada deve ser palavra honrada. Eu tinha pedido ao eleitorado o voto e em circunstância alguma um político deve trair quem em si confia”, afirmou.
“Hoje a situação é diferente. Hoje, temos de o dizer com frontalidade, o PSD está numa situação particularmente difícil. Uma situação que se não for, desde já, combatida, pode conduzir o partido para um patamar de menor relevância no quadro político nacional”, alertou, lembrando que tal já aconteceu em outros países europeus.
Por outro lado, salientou, também não está preso “a qualquer compromisso” e pôde “decidir livremente”. “E, se no tempo próprio, estava com os dois pés no Porto, hoje estou disponível, neste tempo próprio, para estar com os dois pés no PSD e no país”, disse, anunciado a sua candidatura às eleições diretas do partido, agendadas para 13 de janeiro.
Segundo a Renascença, o ex-autarca aproveitou para, como se costuma dizer, ‘colocar os pontos nos ii’.”Somos sociais-democratas, o PSD não é um partido da direita. É um partido do centro, vai do centro-esquerda ao centro-direita. Não é um partido de direita nem nunca será”, afirmou durante o discurso.
“O PSD é um partido de poder, não é muleta de poder“, acrescentou Rio, garantindo que é preciso “olhar mais para o futuro do que para o presente”.
Rio lançou oficialmente a sua candidatura, um dia depois de Santana Lopes ter dito que também ia avançar na corrida à liderança do partido. No seu espaço de comentário televisivo na SIC, o atual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa disse: “Hoje é um dia de boas noticias, Portugal ganhou e eu sou candidato à liderança do PPD/PSD”.
Esta quarta-feira, o primeiro-ministro salientou que conhece bem os dois candidatos mas que afasta um cenário de Bloco Central. “Há matéria relativamente às quais é sempre possível chegar a consensos, porque são consensos estruturantes da sociedade portuguesa. Mas isso nada tem a ver com soluções governativas. Os portugueses devem ter diferentes possibilidades de escolha”, sustentou.
No mesmo dia, uma hora antes de Rui Rio discursar na apresentação da sua candidatura, José Eduardo Martins, um dos críticos de Passos Coelho, lançou um manifesto que, ao Observador, disse servir “para pôr as pessoas a pensar”.
“Por um Partido reformista e humanista, sem grilhetas comunistas ou socialistas, com a visão contemporânea de uma sociedade justa e equitativa de pessoas livres, em reflexão contínua sobre as necessidades humanas numa biosfera finita que importa preservar e equilibrar aceitando que o crescimento permanente é impossível”, lê-se no manifesto.
ZAP // Lusa