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“James Bond alemão” condenado por evasão fiscal

Olaf Teuerle / Flickr

Ninguém conhecia o rosto de Mauss, o que lhe valeu a alcunha de “fantasma”. A sua primeira foto é de 1983.

A justiça alemã sentenciou Warner Mauss a dois anos de prisão em liberdade condicional por ter desviado milhões de euros por meio de contas não declaradas no exterior. O ex-agente secreto alemão participou em operações em várias partes do mundo.

O ex-agente secreto alemão Werner Mauss, de 77 anos, foi esta quinta-feira condenado  a dois anos de prisão em liberdade condicional pelo crime de evasão fiscal. Conhecido como o “007 alemão“, Mauss participou durante décadas em operações secretas em várias partes do mundo.

Após mais de um ano de julgamento, um tribunal em Bochum, no noroeste da alemanha, declarou Mauss culpado de ter desviado 15 milhões de euros em impostos, obtidos em rendimentos depositados em contas no estrangeiro sob nomes falsos. Segundo o tribunal, os crimes ocorreram entre 2002 e 2011.

Além dos dois anos de prisão, Mauss foi condenado a doar 200 mil euros a instituições de caridade. A acusação tinha solicitado uma pena de 6 anos e 3 meses de prisão.

Na sentença, o tribunal afirmou que a “extensão do prejuízo causado é apenas um aspecto a ter em consideração”. A idade, o facto de Mauss não ter qualquer condenação anterior e a sua “impressionante carreira profissional” também foram considerados na altura de determinar a pena.

Mauss sempre negou as acusações, sustentando que apenas geria os valores depositados nas contas, que não seriam suas, mas de uma organização secreta. O dinheiro, segundo o “James Bond alemão”, era usado para financiar missões para organizações humanitárias, incluindo a libertação de reféns.

 

Os advogados de defesa de Mauss alegam ainda que o ex-agente não foi capaz de montar uma “defesa adequada” porque ainda está comprometido com acordos de confidencialidade assinados em décadas de trabalho como agente secreto.

As suspeitas acerca de Mauss surgiram quando autoridades do estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália tiveram acesso a um CD com dados de clientes do banco suíço UBS, que em 2016 foi acusado pela justiça belga de “evasão fiscal grave e organizada” por alegadamente oferecer aos seus clientes serviços que lhes permitiram evitar o pagamento de impostos e participar em esquemas de branqueamento de capitais.

Mais tarde, o nome do ex-agente também foi citado nos chamados Panama Papers, o escândalo mundial sobre o uso de empresas para esconder dinheiro, divulgado no ano passado por um consórcio internacional de órgãos de informação.

Mauss é considerado uma lenda viva da espionagem alemã. O agente terá participado em numerosas operações de risco em todo o mundo – que vão desde mediações de libertação de reféns a casos relacionados com redes terroristas, guerrilheiros e tráfico de drogas.

Durante décadas, ninguém conhecia o rosto de Warner Mauss, o que lhe valeu a alcunha de “fantasma”. A sua primeira foto conhecida é de 1983.

Acredita-se que Mauss tenha contribuído para a prisão de cerca de 2 mil criminosos em todo o mundo e salvado a vida de mais de 40 pessoas. Em 1996, chegou a ser preso na Colômbia após mediar a libertação de uma cidadã alemã sequestrada pelo grupo guerrilheiro Exército de Libertação Nacional, ELN.

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