A mulher, que se fazia passar por uma das vítimas do atentado de Barcelona, que aconteceu no passado mês de agosto, pedia dinheiro nas redes sociais para ajudar nos tratamentos do neto.
Segundo o El Mundo, a falsa vítima apresenta-se com o nome de Maria Tores, residente em Valencia, e conta que precisa de ajuda por causa da sua filha Teresa e do seu neto Antonio, supostamente feridos com gravidade no atentado nas Ramblas, em Barcelona.
“Estavam a visitar uns amigos quando o desastre aconteceu. Agora estão os dois no hospital. Ela com as ancas fraturadas e com lesões na coluna e o meu neto em coma devido a uma lesão na cabeça”, conta a suposta vítima nos sites de angariação de fundos.
“O menino precisa de uma cirurgia numa clínica privada. Os gastos totais serão cerca de oito mil euros e o seguro só cobre metade. Não somos ricos. Só nos temos uns aos outros. O dinheiro será usado para a cirurgia e para os gastos da sua recuperação”.
Juntamente com o texto, escrito quatro dias depois do atentado, surge a fotografia de uma criança entubada numa cama de hospital. O jornal espanhol estranhou alguns detalhes da história, primeiro porque os nomes não apareciam na lista das vítimas divulgadas pelas autoridades e, segundo, porque a criança poderia ter sido operada num hospital público.
Por isso, o El Mundo decidiu investigar e entrar em contacto com a tal “Maria”. No Facebook, a mulher também implorava por ajuda financeira aos seus amigos virtuais.
“Ajudei tanta gente e tantos animais. Mas agora é a minha família que precisa de ajuda desesperada e urgente. (…) Simplesmente imaginem o que é estar no meu lugar, perder um filho e agora a minha filha e o meu neto no ataque terrorista de Barcelona. Ambos gravemente feridos. Peço por tudo que façam uma doação. Não importa o valor. Pouco a pouco podemos fazer um milagre“.
O jornal tentou falar por telefone com a alegada vítima, que nunca chegou a dar o seu número. Ao mesmo tempo, entraram em contacto com a plataforma Gofundme, que bloqueou a conta de Maria e pôs em marcha os seus mecanismos de verificação.
A utilizadora não respondeu aos pedidos da plataforma e as suspeitas aumentaram quando se comprova que Maria acedia à sua conta a partir do exterior e não em Espanha, onde estaria supostamente no hospital ao lado dos seus familiares.
A conta foi fechada e os 300 euros que tinham sido arrecadados até então foram devolvidos aos doadores. No entanto, há outras plataformas que tinham o mesmo pedido de ajuda. Um desses casos era o Youcaring que, à data da publicação do artigo do El Mundo, já contava com mais de mil euros.
Na galeria de imagens do Facebook, a mulher aparece com um menino nos braços, o mesmo que aparece nos sites de angariação de fundos, mas que identifica como seu sobrinho. Fica a pergunta: Maria Tores existe mesmo?
Atentado em Barcelona
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