A 14.ª expedição “Paleontologia em ilhas atlânticas”, que decorreu em Santa Maria, nos Açores, permitiu encontrar e confirmar espécies novas de moluscos marinhos com mais de quatro milhões de anos.
“Os cientistas vão fazer agora um estudo de grande dimensão que vai permitir conhecer e descrever toda a fauna mais antiga, que tem entre quatro a 4,3 milhões de anos“, disse o biólogo marinho Sérgio Ávila, da Universidade dos Açores.
A expedição, que se realizou entre 14 e 21 de julho na ilha de Santa Maria, onde o Governo dos Açores iniciou uma visita estatuária de dois dias, contou com a participação de 22 investigadores de dez nacionalidades.
Segundo o investigador, o estudo destas espécies novas de moluscos implica visitar museus na Europa onde estas faunas estão depositadas.
Sérgio Ávila, docente no Departamento de Biologia da academia açoriana, lidera há anos uma equipa de investigação multidisciplinar que estuda a evolução geológica de Santa Maria, ilha que tem cerca de seis milhões de anos e a maior jazida de fôsseis a céu aberto do Atlântico Norte.
Desde 2005 que são feitas expedições àquela ilha do grupo oriental do arquipélago e, de acordo com o investigador, “ano após ano, a ilha tem sido um manancial de informação formidável”.
Sérgio Ávila salientou que as expedições anuais a Santa Maria consistem no estudo da geologia e da paleontologia, investigações cujos resultados são posteriormente divulgados através da publicação de artigos científicos, além do lançamento de livros, documentários de televisão e a criação de uma série de rotas temáticas relacionadas com os fósseis.
“Todas as ilhas [dos Açores] são de origem vulcânica, mas Santa Maria tem uma história particular e possui algo que mais nenhuma ilha tem, que são fósseis marinhos em quantidade e abundância e muito relevantes, alguns deles muito raros em ilhas oceânicas”, frisou, acrescentando que “restos de cetáceos, ossos e dentes de antigas baleias só existem em Santa Maria e em mais três ilhas em todo o mundo”.
No âmbito da investigação em Santa Maria ao longo destes anos, o biólogo indicou que já passaram pela ilha “mais de 70 investigadores nacionais e internacionais”.
“Do ponto de vista científico, a ilha talvez seja uma das mais conhecidas a nível mundial e o resultado de todo este conhecimento científico faz-nos levar a estudar outros arquipélagos”, referiu, adiantando que estão a ser implementados os primeiros estudos em Cabo Verde, onde a sua equipa já se deslocou uma vez, e irá ainda a Porto Santo, na Madeira.
ZAP // Lusa