Duas crianças portuguesas estão internadas na sequência do incêndio que, esta madrugada, consumiu um prédio em Londres, enquanto os pais foram assistidos, mas estão bem, disse fonte da Secretaria de Estado das Comunidades.
Esta era a terceira família portuguesa residente no prédio e que faltava ainda localizar, esclareceu a mesma fonte. Segundo uma fonte da Secretaria de Estado das Comunidades, as duas meninas, de 11 e 13 anos, estão fora de perigo, embora continuem em observação médica.
O porta-voz daquela Secretaria de Estado disse à Lusa que, até ao momento, foram dez portugueses afetados pelo incêndio, residentes em três apartamentos do prédio residencial que, esta madrugada, ficou destruído pelas chamas.
Joana Gaspar adiantou à agência que os portugueses já foram contactados pelo consulado e estão bem, embora tenham perdido as suas casas.
A polícia de Londres já confirmou que há pelo menos seis vítimas mortais, acrescentando que o número deverá aumentar ao longo do dia.
“Posso confirmar que há seis mortos neste momento, mas o balanço corre o risco de aumentar durante a operação de rescaldo que se prevê complexa e poderá durar vários dias”, declarou num comunicado Stuart Cundy, comandante da polícia metropolitana.
Anteriormente, a responsável pela Brigada de Incêndios de Londres, Dany Cotton, afirmou à imprensa que incêndio causou “vários mortos” e pelo menos 30 feridos mas que não podia confirmar o número exato, “devido ao tamanho e complexidade do prédio”.
“Podemos confirmar que levámos 30 pacientes para cinco hospitais de Londres após o incidente em Lancaster West Estate”, afirmou, por sua vez, Stuart Crichton, diretor adjunto de operações do Serviço de Ambulâncias de Londres, em comunicado.
Ao final da manhã, os órgãos de comunicação já falam em pelo menos 50 feridos e relatam que existem ainda muitas pessoas desaparecidas.
“Fui acordado com gritos”
Testemunhas nos arredores do prédio, que tem mais de uma centena de apartamentos, relataram que viram luzes de lanternas e telemóveis a piscar das janelas, como um alerta de que vários moradores continuavam presos na estrutura, avança a BBC.
“Vi pessoas com as lanternas a piscar do último andar e obviamente não conseguiam sair”, contou George Clarke, apresentador do Channel 4, à Radio 5 Live.
Paul Munakr, que vive no sétimo andar, conseguiu escapar. “Quando estava a descer as escadas, havia bombeiros, realmente incríveis, que estavam a subir em direção ao fogo, a tentar tirar o maior número possível de pessoas do prédio”.
O morador foi alertado pelas pessoas que gritavam da rua: “não salte, não salte”.
“Não sei ao certo se as pessoas saltaram do prédio para escapar ao fogo, mas uma coisa é certa, os alarmes de incêndio não tocaram”, contou.
“Vi uma pessoa a cair, vi outra mulher a segurar o seu bebé pela janela. Ouvi gritos”, conta Jody Martin, que testemunhou a cena a partir do exterior.
Mãe salva bebé ao atirá-lo pela janela
Uma testemunha contou que um bebé foi salvo depois de a mãe o ter atirado por uma das janelas da torre Grenfell, escreve o site HiperFm. Samira Lamrani disse que viu a mulher a deixar cair o bebé, “do nono ou décimo andar”, para as pessoas que estavam em baixo.
“Um homem correu e conseguiu agarrar o bebé”, acrescentou a testemunha.
Uma moradora revelou que viu outra mulher a atirar o filho, com cerca de cinco anos, do quinto ou sexto andar. “Atirou o filho pela janela. Penso que ele está bem, deve ter alguns ossos partidos, e algumas nódoas negras”, afirmou Zara à rádio LBC.
O incêndio de grandes dimensões deflagrou hoje, à 01h15, na torre Grenfell, um prédio residencial de 23 andares, onde vivem mais de 600 pessoas, numa zona próxima de Notting Hill.
As autoridades ainda não conseguiram apurar as causas oficiais do incêndio mas já afastaram a hipótese de colapso do edifício.
ZAP // Lusa