O Parlamento britânico votou, esta quarta-feira, a favor da moção proposta pelo Governo de antecipar as eleições legislativas para 8 de junho graças ao apoio da oposição.
A moção foi aprovada com 522 votos favoráveis e rejeitada por 13 deputados.
Nos termos da Lei do Parlamento de Prazo Fixo [Fixed Term Parliament Act], aprovada em 2011, as eleições legislativas são automaticamente realizadas de cinco em cinco anos, pelo que as próximas só estavam agendadas para maio de 2020.
Porém, a lei permite que o parlamento antecipe a data se dois terços dos deputados o aprovarem, como aconteceu hoje com a moção proposta pelo governo após um anúncio surpresa da primeira-ministra, Theresa May, na terça-feira.
O partido Conservador tem 330 deputados, menos 104 do que os 434 necessários para aprovar sozinho a proposta.
Porém, contou com o apoio do partido Trabalhista, que tem 229 assentos na Câmara dos Comuns, e dos Liberais Democratas, que possuem nove deputados.
Ainda assim, em todos os deputados seguiram a indicação dos respetivos partidos, alegando razões pessoais para votar contra eleições antecipadas.
O Partido Nacionalista Escocês (54 deputados) absteve-se.
No discurso de abertura do debate parlamentar à moção, a líder do partido Conservador afirmou que as eleições antecipadas são a melhor forma de assegurar a segurança e estabilidade necessária para assegurar o melhor acordo para o Reino Unido nas negociações do Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia.
A chefe do governo entende ser do “interesse nacional” realizar estas eleições agora, enquanto os restantes 27 Estados-membros da UE concertam a sua posição e as orientações para o Brexit.
Os líderes europeus reunir-se-ão em cimeira no dia 29 de abril, sendo esperado um documento com as orientações finais até ao final de maio.
“Cheguei à conclusão que a resposta para essa questão é organizar umas eleições agora, nesta janela de oportunidade antes que comecem as negociações”, vincou Theresa May.
Theresa May acusou partidos da oposição de se oporem e atrapalharem o trabalho do governo para o Brexit e entende que as eleições servirão para clarificar e reforçar a posição do executivo.
Na sua intervenção, o líder do partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, tentou desmontar as intenções da líder dos ‘Tories’.
“A primeira-ministra disse que convocou as eleições para que o governo possa negociar o ‘Brexit’. Nós tivemos um referendo que determinou esse mandado e o Parlamento votou aceitando o resultado”, lembrou.
Segundo Corbyn, “não há obstáculos à negociação do Governo, mas em vez meter mãos à obra, a primeira-ministra finge estar prisioneira dos Liberais Democratas, que alegadamente disseram que iriam travar o governo”.
O líder do principal partido da oposição acusou os Conservadores de quererem usar o Brexit para transformar o país “num paraíso fiscal de baixos salários”.
Pelo contrário, afirmou, o Partido Trabalhista “investirá em todo o país para criar uma economia de salários altos e qualificações elevadas em que todos partilhem as recompensas”.
// Lusa
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