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BPI já é espanhol e afunda na Bolsa

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Fernando Veludo / Lusa

Fernando Ulrich, CEO do BPI, acompanhado pelo chairman do banco Artur Santos Silva, na Assembleia geral de acionistas do BPI

Fernando Ulrich, CEO do BPI, e o chairman Artur Santos Silva, na Assembleia geral de acionistas do BPI

O CaixaBank passou a deter 84,5% dos direitos de voto do BPI, na sequência da OPA lançada sobre o banco português, num investimento total de 644,5 milhões de euros. O presidente executivo Fernando Ulrich cedeu o lugar ao espanhol Pablo Forero, atual diretor-geral do banco catalão.

Depois do sucesso da Oferta Pública de Aquisição (OPA) ao BPI, o CaixaBank anunciou esta quarta-feira que detém agora 84,5% do capital social do banco português, num investimento total de 644,5 milhões de euros.

Numa conferência de imprensa, o presidente do banco espanhol, Gonzalo Gortázar, destacou que “o BPI beneficiará de pertencer a um dos maiores grupos da Europa”.

“Portugal é um país com grande potencial, pelo que queremos ser parte do seu futuro”, acrescentou ainda.

Antes da sua intervenção, já era também sabido que o presidente executivo do BPI, Fernando Ulrich, vai ceder o lugar e passar a fazer parte apenas do Conselho de Administração do banco (“chairman”).

O banqueiro português, que na mesma conferência de imprensa disse que esta mudança fazia todo o sentido, vai ser substituído pelo espanhol Pablo Forero, que entra em funções no próximo mês de março.

“Não vou ter saudades do BPI porque continuarei completamente comprometido com o BPI. Espero talvez com um pouco menos de ‘stress’, até porque vou fazer 65 anos no dia da assembleia geral”, admitiu Ulrich, citado pelo jornal Público.

Artur Santos Silva também renunciou ao seu cargo de presidente do Conselho de Administração e será proposto ficar como presidente honorário do BPI e presidente de uma nova Comissão do Conselho de Administração dedicada à responsabilidade social.

De acordo com o comunicado à CMVM, a estrutura do conselho de administração será composta por dois vice-presidentes (Pablo Forero e António Lobo Xavier) e com 15 vogais (Alexandre Lucena e Vale, António Farinha de Morais, Carla Bambulo, Francisco Manuel Barbeira, Gonzalo Gortázar, Ignacio Alvarez Rendueles, João Oliveira Costa, José Pena do Amaral, Javier Pano, Juan Antonio Alcaraz, Juan Ramon Fuertes, Lluis Vendrell, Pedro Barreto, Tomás Jervell e Vicente Tardio).

BPI sai do PSI-20

“A Euronext comunica que, na sequência dos resultados alcançados na Oferta Pública de Aquisição do CaixaBank sobre o BPI, e face à informação disponível à data, foi decidida a exclusão das ações do Banco BPI do índice PSI 20”, foi anunciado ontem.

Ainda assim, o banco epsanhol já notificou as autoridades de que pretende manter o BPI cotado na Bolsa de Lisboa.

Esta quinta-feira, o último dia no PSI-20, as ações do BPI, juntamente com o BCP, estavam a meio da manhã a liderar as perdas na Bolsa de Lisboa, ao caírem respetivamente 21,05% para 0,829 euros e 4,59% para 0,1393 euros.

Na sequência da OPA lançada em 2016 pelo CaixaBank, o grupo financeiro catalão passa a deter quase 85% dos direitos de voto do  BPI.

De fora ficou cerca de 15% do capital, cujos acionistas não aceitaram a proposta do grupo espanhol por 1,134 euros por ação, percentagem que inclui a seguradora Allianz, que manteve uma posição (detinha cerca de 8%) tendo em conta o acordo que tem com o BPI para a colocação dos seus produtos.

Recorde-se que o até agora segundo maior acionista, a ‘holding’ angolana Santoro, com 18,5%, saiu da estrutura acionista, assim como o grupo português Violas Ferreira e o Banco BIC, ambos com participações acima de 2%.

Com a grande maioria do capital social do BPI controlado pelo grupo espanhol, há agora o risco de os acionistas que não venderam capital na OPA, nomeadamente os pequenos investidores, assistirem a uma desvalorização dos seus títulos em bolsa, uma vez que a dispersão do capital do banco em mercado fica reduzida e os títulos ficam com pouca liquidez, diminuindo o seu valor.

Saída de trabalhadores será feita por mútuo acordo

“A política social do CaixaBank irá manter os princípios sempre seguidos pelo BPI. Não antecipamos despedimentos coletivos e as rescisões serão feitas por mútuo acordo”, afirmou Gonzalo Cortázar na conferência de imprensa.

Sobre a saída estimada de 900 trabalhadores que constava do prospeto da OPA do Caixabank, Cortázar afirmou que esse “número é apenas indicativo” e que não prevê “alterações da política seguida no BPI nos últimos anos”.

Ainda sobre as saídas de trabalhadores, o ainda presidente executivo do BPI, Fernando Ulrich, considerou já em janeiro que a redução de pessoal prevista pelo Caixabank decorrerá no ritmo dos últimos anos e que não haverá “uma revolução” nesse campo.

“O número impressiona, mas ao longo de dois a três anos não é assim tão grande”, considerou.

O BPI tem vindo, nos últimos anos, a reduzir os seus quadros. Aliás, o emagrecimento de estruturas tem sido comum aos principais bancos que operam em Portugal, numa tentativa de melhorarem os seus resultados. Apenas em 2016 saíram 392 trabalhadores em Portugal, número que exclui trabalho temporário. Em termos de custos, o BPI gastou com pessoal 289,4 milhões de euros, menos 1,5% face a 2015.

No total da atividade doméstica e internacional, o Grupo BPI tinha, no final de 2016, 8.157 trabalhadores, menos 372 funcionários, o que significava que na atividade fora de Portugal o banco tinha contratado 20 pessoas em termos líquidos.

O grupo teve lucros de 313,2 milhões de euros em 2016, mais 32,5% do que em 2015, mais de metade obtido na atividade internacional, sobretudo ao Banco de Fomento de Angola (BFA).

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. A corrupção na Banca portuguesa por mãos de portugueses levou a esta situação e não vale a pena sequer discutir se é por ser público ou privado pois enveredaram todos pelo mesmo caminho, as consequências estão agora aí à vista.

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