Contrariando todas as previsões, o candidato republicano derrotou Hillary Clinton com uma vitória expressiva, conquistando 279 lugares no colégio eleitoral. E ainda conseguiu dar aos republicanos a maioria no Senado.
As últimas sondagens davam uma ligeira vantagem à candidata democrata, mas o que é certo é que Donald Trump foi o grande vencedor da noite eleitoral, esta terça-feira, madrugada de quarta-feira em Portugal.
A vitória do republicano começou a ganhar forma quando foram chegando notícias de conquistas emblemáticas, como é o caso dos estados da Florida e do Ohio, de onde saiu vencedor e com as previsões reforçadas.
A vitória do magnata marca o retorno dos republicanos à Casa Branca, depois de oito anos do poder nas mãos dos democratas, com os dois mandatos de Barack Obama.
Em dezoito meses de campanha, a candidatura de Trump foi marcada por comentários polémicos. Com a promessa de “fazer a América grande outra vez”, conquistou votos com ideias extremas, como a construção de um muro na fronteira com o México.
Trump será o 45º Presidente americano e toma posse no próximo dia 20 de janeiro.
“Não vos irei desiludir”, disse no discurso, depois de saber que tinha ganho, e já num tom bem menos agressivo do que durante a campanha eleitoral.
Primeiro elogiou o “trabalho árduo” da rival Hillary Clinton e depois foi direto ao tema economia, que terá sido fulcral para a sua vitória.
“Iremos dobrar o nosso crescimento e ter a economia mais forte do mundo”, prometendo ainda “boas relações” com todos os países e emprego a todos os norte-americanos.
Reações à vitória
A candidata democrata já ligou a Donald Trump para lhe dar os parabéns pela vitória nas eleições mas ainda não fez qualquer discurso público sobre a derrota.
Segundo a Associated Press, Barack Obama já felicitou o republicano e até o convidou a visitar a Casa Branca na próxima quinta-feira.
Entretanto, começam a surgir protestos em vários pontos do país, nomeadamente em frente à residência oficial. “Não é o nosso presidente”, gritam outras vozes de revolta.
Foram muitas as personalidades da política internacional e vários chefes de Estado já felicitaram o republicano pela conquista desta terça-feira.
Um desses casos foi o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que desejou “sucesso no exercício das funções que foi chamado a desempenhar pelo povo norte-americano”.
Marcelo fez ainda “uma referência aos laços de amizade que unem Portugal e os EUA e à significativa comunidade de portugueses e lusodescendentes residentes nos Estados Unidos da América”.
O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, felicitou Trump e manifestou a sua intenção para continuar a trabalhar no reforço das relações com um país que é um “parceiro indispensável”.
Também o Reino Unido, através de Theresa May, já comentou a vitória, com a primeira-ministra a mostrar-se “ansiosa” por trabalhar com o novo Presidente.
“O Reino Unido e os Estados Unidos têm uma relação especial e duradoura, baseada nos valores da liberdade, democracia e empreendedorismo. Somos e vamos continuar a ser fortes parceiros no que diz respeito ao comércio, segurança e defesa”, pode ler-se num comunicado do governo.
O Kremlin também já reagiu oficialmente a estas eleições através de um comunicado. Vladimir Putin espera “poder trabalhar em conjunto para retirar as relações russo-americanas do seu atual estado de crise”.
O Presidente francês, François Hollande, diz que os resultados destas eleições “abrem um período de incerteza”.
Angela Merkel congratulou Trump pela vitória e diz que as “eleições têm consequências bem além dos EUA”. “Qualquer pessoa que lidere os EUA tem uma responsabilidade global”, afirmou a chanceler alemã.
A presidente da Frente Nacional francesa, Marine Le Pen, felicitou Trump, mesmo antes da vitória ser oficialmente declarada. “Felicitações ao novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ao povo americano livre”, disse no Twitter.
“Felicitações. Que boas notícias! A democracia segue viva”, escreveu o primeiro ministro húngaro, Viktor Orban, na sua página do Facebook.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, felicitou pela eleição para a presidência e garantiu que a aliança que une os dois países permanece intacta.
” Japão e os Estados Unidos são aliados inabaláveis ligados por valores comuns, tal como a liberdade, a democracia, os direitos do Homem fundamentais e o Estado de Direito”, acrescentou o governante nipónico.
Por seu lado, o Governo da Coreia do Sul disse hoje acreditar que o Presidente eleito manterá a linha dura da política dos Estados Unidos em relação à Coreia do Norte.
“Partilhamos a mesma opinião em relação à aliança entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos e o problema nuclear da Coreia do Norte”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Yun Byung-se, quando a contagem dos votos já indicava uma vitória do republicano.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão instou Donald Trump a manter os acordos internacionais, depois do republicano ter dito durante a campanha que vai ‘rasgar’ o acordo nuclear com Teerão.
“Todos os presidentes dos Estados Unidos têm de perceber a realidade do mundo de hoje. A coisa mais importante é que o futuro Presidente dos Estados Unidos mantenha os acordos, os compromissos assumidos”, disse Mohammad Javad Zarif.
Mercados em pânico
O índice Nikkei da bolsa de Tóquio caiu 5,36% na sessão de hoje perante a possibilidade do republicano ser o novo Presidente dos Estados Unidos da América, tendência seguida pela generalidade dos mercados asiáticos. O Níkkei caiu mais de 900 pontos, até aos 16.251,54 pontos.
Também caíram os índices de referência da bolsa de Hong Kong, da Coreia do Sul, Xangai, Shenzhen, Singapura, Índia ou Austrália. As bolsas asiáticas tinham aberto em alta, com os investidores convencidos da vitória da democrata Hillary Clinton.
Nos Estados Unidos e em Londres, os futuros dos índices de referência das bolsas também perderem até 05%. Os futuros indicam a tendência de abertura das bolsas.
Entre as principais praças europeias, Madrid arrancou a perder quase 4%, Milão 3%, Frankfurt 2,9% e Paris a cair 2,86%.
Também em Lisboa, o PSI20 arrancou as negociações em queda de 3,10% para os 4.420,50 pontos.
No mercado cambial, a moeda do México, o peso mexicano, caiu para os valores mais baixos da sua história, com desvalorizações que chegaram aos 13%.
Ainda na Ásia, também caiu o preço do barril de petróleo e do ouro (-5,4%).
ZAP / Lusa / Move
Eleições nos EUA
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Estou, certamente como a grande maioria dos seres pensantes, em estado de choque perante esta inesperada (pelo menos para mim) vitória de Trump mas estou certo que muitos comentadores, politólogos e tudólogos (os que tudo sabem…) nos vão bombardear ad nauseam com as suas doutas (ou não) opiniões.
O discurso de Trump que o levou à vitória é semelhante ao de Adolf Hithler antes de ser eleito Chanceler da Alemanha, da possível sucessora de Angela Merkel a subir nas sondagens, de Erdogan antes de ser eleito presidente da Turquia e de Marine Le Pen que poderá vir a ser presidente de França. Mas há uma GRANDE diferença: O Presidente dos EUA é o homem mais poderoso do mundo! E o mundo não voltará a ser o mesmo com Trump!
Este facto representa um gravíssimo e perigosíssimo retrocesso em variadísimas frentes: direitos das mulheres, das comunidades não brancas, das minorias (sejam elas quais forem), da política de emigração já para não falar o que será a gestão das relações internacionais… Trump é um homem perigoso, e na sua luta contra o terrorismo poderá vir a torná-lo no maior terrorista do planeta!
Tenho muita pena dos Americanos lúcidos (pelos vistos em minoria), dos emigrantes nos EUA, dos negros, dos ìndios, dos homossexuais, dos refugiados, das mulheres, das pessoas de cultura e seres pensantes, dos pobres, dos que vão perder acesso aos cuidados de saúde, dos mortos do muro de separação com o México (vidé muro de Berlim), dos idosos pensionistas, das crianças que vão nascer e crescer num país bem diferente do dos seus pais e avós, e confesso que até já tenho alguma pena dos muitos votantes em Trump que se irão sentir enganados.
A América sempre foi considerada o bastião da democracia, mas simultâneamente é um país de grandes contrastes: mantém a pena de morte, autoriza o uso de armas de fogo aos cidadãos, não respeita certos direitos humanos (vidé Guantanamo), interfere directa ou indirectamente noutros países, etc, etc, etc. Apesar de tudo isso a América era um país com muitas virtudes, um país em que o American Dream ainda existia e tudo era possível. Do dia para a noite os EUA acabaram de passar para o American Nightmare!
Das minhas muitas viagens e estadias nos EUA cedo percebi que a América não é New York, Boston ou a elite de Martha’s Vineyard! Não. A América profunda está cheia de gente básica, ignorante, de cabeça “quadrada” que faz apenas o que lhe mandam fazer. Um grande amigo meu Americano um dia definiu o seu próprio país da seguinte forma: “A América é um país de carneiros com os líderes certos”. Pois é, a América deixou de ter o líder certo!
Se este homem for responsável pela eclosão da III Guerra Mundial muitos poderão ficar surpresos, eu não!
Hoje é dia de luto à escala global.
Que eu saiba, a HIllary ficou apelidada de Hitllery e não foi por acaso. e ela é que poderia despoletar a III GM. Ela vive para a guerra. Se tivesse lido mais os emails wikileaks e menos imprensa manipulada, estaria mais informado sobre as duas caras dessa mulher. Perigosa é ela! MUITO perigosa para os EUA e Mundo.
Pelos vistos o povo americano esteve atento.
tl-dr………………….
Para o senhor MANOEL DE LIGNE chegou aí o cataclismo e aquele homem vai ser o inimigo de toda a gente, eu também não partilho de alguns dos discursos dele mas o certo é que a vitória do senhor Trump é quanto a mim mais o resultado do descontentamento de grande parte dos americanos sobretudo no que toca a imigração e principalmente árabe e países limítrofes a que eles chamam de latino-americanos e que uma vez instalados no país provocam muito mais prejuízo e insegurança do que interesse além de se recusarem a adaptar à sociedade que os acolhe, a Europa está a sofrer os mesmos efeitos e não se admire que durante pouco tempo os europeus mudem de voto uma vez que os atuais políticos tal como você se recusam a ver a realidade e depois virá para aqui chamar-lhes de gente básica, ignorante e de cabeça quadrada.
“Contrariando todas as previsões”… Deixem-me rir ahaahahahahahhahah mas quem é que ainda acredita em sondagens?!…
Não percebo como é que ainda havia dúvidas quanto à vitória do Trump.
A outra só conseguia chamar pessoas com concertos de gente famosa, estava desesperada, coitada.
minha declaração de princípio; sou quase ignorante em política mas, tenho a certeza de que os profissionais da dita não servem a terceiros servem-se a si próprios; nas Américas, na Europa e já agora em Portugal, em todo o mundo
A D Hilary tem-se aboberado à mesa do orçamento e pensava que isto é mais ou menos uma monarquia; sou sucessora de Obama e não é preciso mais que botox, laca, uns concertos, uns beijos a pretos e brancos, arrastar o seu consorte, prometer distribuir a riqueza que iris gerar com mais impostos, ete., etc..
Não foi assim, o outro também deve carregar nos cremes mas, conseguiu transmitir alguma mensagem que o povo/votantes, entenderam.
Que faça o melhor pela América.
A vitória de Trump foi surpreendente, mas não totalmente. Já o mesmo havia acontecido com Bush filho, sobre Al Gore, e Reagan, sobre Jimmy Carter.
É preciso termos a noção de que o eleitorado americano pensa de forma diferente do europeu e que o sistema eleitoral permanece muito diverso, embora continue esmagadoramente a ser apoiado pelos povos e pelos estados da União.
No fundo, os 2 partidos históricos estão longamente enraizados e vão-se alternando no poder. Permanecem alguns estados “bailarinos”, incertos, que vão pendendendo para um ou outro lado, conforme os ciclos económicos e a capacidade de atração de políticos habilidosos, de máquinas de propaganda eficazes e de um regime fulanizado. É caso do Ohio e da Florida, como se viu.
Algumas notas interessantes: a derrota da intelectualidade, das elites, da classe política, do jornalismo de intervenção e da globalização; a vitória da América profunda, tradicional, do isolacionismo e autossuficiência.