O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, manifestou-se hoje de forma clara contra a eventual aplicação de sanções a Portugal por parte da Comissão Europeia, numa intervenção muito aplaudida no 21.º Congresso do PS.
“Sabem que costumo ser muito direto: sou contra as sanções a Portugal, claro e simples. Sei que o Governo português está a negociar com a Comissão e internamente no país e tenho a certeza que haverá uma solução muito construtiva”, disse, defendendo que os sacrifícios que os portugueses fizeram têm de ser um elemento a incluir na análise sobre esta matéria.
Martin Schulz, apresentado pelo presidente do PS, Carlos César, como “um amigo de Portugal”, classificou o Congresso dos socialistas, que decorre até domingo em Lisboa, como “uma das mais importantes reuniões da Europa”.
“O Partido Socialista governa o país e dá esperança a todos os partidos socialistas na Europa e é do que precisamos na União Europeia”, defendeu o presidente do Parlamento Europeu.
Na sua intervenção, o socialista Schulz propôs uma maior solidariedade entre os países da zona euro e disse ter “uma certa compreensão” pelas pessoas que atualmente duvidam da justiça da União Europeia.
“Enfrentamos uma situação em que especuladores fazem biliões de lucros e não pagam impostos, mas quando enfrentam perdas os contribuintes têm de pagar por eles, isto não é União Europeia”, disse o alemão, recolhendo muitos aplausos.
Para o presidente do Parlamento Europeu, um dos maiores objetivos da União Europeia terá de ser uma política fiscal comum e pediu maior solidariedade em temas globais como os refugiados, alterações climáticas e terrorismo.
“Estamos a criar uma crise a que chamamos de crise de migrantes, que é uma crise feita em casa, que nós criámos”, disse, defendendo que se apenas cinco países – incluindo Portugal – estão disponíveis a receber refugiados porque 22 não os aceitam “então isto é um problema”.
Schulz deu como exemplo da boa integração em Portugal uma visita que fez na sexta-feira a um jardim-de-infância perto de Lisboa, em que as crianças da escola brincavam lado a lado com as crianças refugiadas.
“Esta é a melhor forma de integração, é a resposta que precisamos no século XXI”, disse.
/Lusa