A mítica banda de rock britânica The Rolling Stones arrastou mais de meio milhão de pessoas para o histórico concerto desta sexta-feira à noite em Havana.
O concerto, gratuito e sem precedentes em Cuba, levou ao complexo Ciudad Deportiva, que tem capacidade para 450 mil pessoas e ficou lotado, uma multidão onde se incluíam habitantes locais e turistas de várias faixas etárias.
“Olá, Havana. Boa noite, meu povo de Cuba“. Mick Jagger saudou o público em espanhol, antes de abrir a performance com o hit Jumpin’ Jack Flash, de 1968.
Na apresentação, o vocalista dos Stones, Mick Jagger, disse que “os tempos estão a mudar”.
“Sabemos que há alguns anos era difícil ouvir a nossa música em Cuba, mas aqui estamos nós”, afirmou Mick Jagger, em espanhol.
Horas antes do início do concerto, três quartos do espaço já estavam cheios.
Milhares de pessoas não conseguiram entrar, mas ficaram de fora a vibrar com o espectáculo, perfeitamente audível nas redondezas e até visível de determinados pontos.
Muitas pessoas assistiram ao show em cima de telhados, de onde podiam ver o concerto.
“Estou aqui desde as 8h porque este concerto é histórico, vai marcar a história mundial, não apenas Cuba”, disse à AFP Meiden Betsy, um estudante cubano, num dos vários relatos entusiasmados e emocionados que a agência recolheu no local.
“Era proibido. Não podíamos ter Beatles e alguns cantores da América Latina. Agora podemos ouvir o que quisermos”, disse um fã à BBC.
“Nunca imaginei que poderia vê-los aqui um dia, nunca mesmo”, afirmou o jardineiro Alexander Chacon.
O engenheiro Miguel Garcia, de 62 anos, disse à agência, ainda antes de o concerto começar, que sabia que se ia emocionar e chorar durante o espectáculo.
A banda britânica apresentou-se em Cuba três dias depois da visita histórica a Havana do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. O concerto foi incluído, à última hora, no tour dos Rolling Stones na América Latina.
Um palco de 80 metros de comprimento foi instalado na Ciudad Deportiva, complexo inaugurado em 1959, antes da revolução cubana que acabou por banir o rock do país, uma vez que o regime de Fidel Castro o considerava uma expressão musical ligada ao imperialismo.
O show dos Stones está a ser considerado um sinal de mudanças reais na ilha. Até há 15 anos atrás, o governo cubano bania a maior parte da música rock e pop ocidental, considerada decadente e subversiva.
Ao longo dos últimos 30 anos, o rock tem sido gradualmente permitido.
“Depois de hoje, já posso morrer“, disse à AP Joaquin Ortíz, um segurança de 62 anos. “Isto era o meu último desejo, ver os Rolling Stones.”
ZAP / ABr