O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou esta segunda-feira durante a sua histórica visita a Cuba estar confiante de que o embargo comercial a Cuba vai ter fim. “Quando, não posso dizer ao certo”, ressalvou.
O presidente de Cuba, Raul Castro, recebeu esta segunda-feira o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no Palácio da Revolução, em Havana, no âmbito da primeira visita oficial de um presidente norte-americano ao país em quase 90 anos.
Em conferência de imprensa conjunta, após uma reunião de 3 horas com o presidente cubano, Barack Obama realçou que um dos principais impedimentos para o aprofundamento das relações entre os dois países são “sérias divergências” em relação à democracia e aos direitos humanos.
O presidente americano afirmou que os EUA não vêem Cuba como uma ameaça e falou num nuevo dia na relação entre os dois países.
“O futuro de Cuba não não vai ser decidido pelos Estados Unidos, mas pelos cubanos”, disse Obama.
Mas, de acordo com Obama, o fim do embargo comercial vai depender, além de uma maioria no Congresso americano, de mudanças efectivas na ilha.
Os dois países reataram as relações diplomáticas em julho do ano passado. Apesar da reaproximação, o embargo comercial imposto pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria ainda está em vigor e, com a resistência dos congressistas republicanos, dificilmente será removido.
Raul Castro contesta existência de presos políticos
Ao lado de Obama, o presidente cubano Raúl Castro afirmou que a persistência do embargo comercial à ilha e a ocupação americana na base naval de Guantánamo são os dois principais obstáculos para a normalização das relações bilaterais.
“Há profundas diferenças entre os nossos países que ainda se mantém”, disse Castro. No entanto, o presidente cubano diz que é necessário concentrar-se “nas coisas que aproximam” os dois países.
Castro contestou a existência de prisioneiros políticos em Cuba, quando questionado por um jornalista norte-americano sobre esta matéria.
“Dê-me uma lista dos prisioneiros políticos”, afirmou Castro, “e irei libertá-los imediatamente“.
“Após este encontro, pode dar-me a lista de prisioneiros políticos. E se tivermos esses presos políticos, serão todos libertados antes da noite acabar”, acrescentou.
Os líderes dos dois países anunciaram em 2014 o início das negociações para a normalização das relações bilaterais.
Em julho de 2015, os países restabeleceram as relações diplomáticas, interrompidas há mais de 50 anos, após a Revolução Cubana.
Obama quebra protocolo e fotografa-se com Che
Após mais de 50 anos sem relações diplomáticas, os Estados Unidos e Cuba anunciaram a 17 de dezembro de 2014 uma aproximação histórica entre os dois países, separados unicamente pelos 150 quilómetros do Estreito da Florida.
Depois de vários meses de rondas negociais, os líderes dos dois países anunciaram a 1 de julho de 2015 o restabelecimento das relações diplomáticas e a abertura de embaixadas nas capitais de cada país.
A visita de Obama é a primeira visita de um presidente norte-americano em actividade em 88 anos. O próprio presidente dos EUA já classificou o evento como histórico.
No primeiro dia da visita, este domingo, Obama passeou com a família por Havana antiga, onde foi recebido com entusiasmo pela população cubana.
Já esta segunda-feira, Obama colocou uma coroa de flores no memorial de Jose Marti — tradicional evento protocolar de líderes de países estrangeiros ao visitar aillha.
À chegada ao Palácio da Revolução, antes de iniciar as conversações oficiais com o presidente Raúl Castro, Obama quebrou o protocolo, e pediu aos fotógrafos da sua equipa que o fotografassem com o memorial de Che Guevara ao fundo.
O gigantesco relevo do ex-guerrilheiro na fachada de um prédio é uma obra do artista Enrique Avila, com base na icónica fotografia de Che Guevara feita por Alberto Korda.
A escultura é acompanhada pela frase mais famosa de Che: “Hasta la victoria siempre“.