A falta de água potável é um problema sério em todo o mundo. Mas um professor de química indiano poderá ter encontrado uma forma de atenuar dramaticamente o problema, com um aparelho barato de purificação, baseado em tecnologia de nanopartículas.
Apesar de a estimativa oficial da ONU garantir que há 750 milhões de pessoas a viver sem acesso à água, cientistas holandeses refizeram os cálculos e chegaram à conclusão de que pelo menos 4 mil milhões de pessoas com falta de água menos uma vez por ano.
O professor de química Thalappil Pradeep, do Instituto Indiano de Tecnologia, passou 14 anos da sua vida a trabalhar num mecanismo que pudesse ajudar a combater o problema.
O dispositivo inventado por Pradeep é um sistema de purificação de água baseado em tecnologia de nanopartículas.
A ideia por trás do aparelho é tornar acessível e potável a água dos lençóis freáticos indianos, que são contaminadas com arsénio, substância cancerígena também ligada à diabetes e a doenças cardiovasculares.
“Água é um direito humano. Mas, nos países em desenvolvimento, o acesso a água limpa e saudável está longe de ser um direito adquirido”, diz Thalappil.
“A tecnologia para tratar água deve ser uma coisa acessível e com uma pequena pegada ecológica. Não pode exigir nenhuma electricidade ou contaminar outros recursos no processo”, acrescenta o cientista.
O primeiro modelo do sistema desenvolvido pelo professor indiano, o AMRIT, ficou pronto em 2012. Foi o primeiro dispositivo deste tipo criado no país, que recentemente instalou vários modelos da tecnologia em todo seu território.
Perante a crescente a procura pelo aparelho, Thalappil e os seus alunos fundaram uma empresa, a InnoNano Research Private Ltd, para assegurar a produção e instalação dos equipamentos.
Há três tamanhos do dispositivo. O mais barato custa 14 euros, já com taxa de instalação incluída, e é suficiente para filtrar água para uma família inteira durante um ano.
O aparelho de tamanho médio, ideal para escolas e hospitais, custa 450 euros.
Um aparelho capaz de purificar água para uma aldeia inteira, no entanto, custa um pouco mais: 1090 euros. Um destes equipamentos produz 300 litros de água potável por hora.
Para já, vão ser instalados 330 filtros de médio porte, beneficiando 500 mil indianos residentes do estado de West Bengal.
Segundo o The Water Project, actualmente, 21% das doenças na Índia são causadas pelo consumo de água contaminada – e 100 mil mortes por ano estão relacionadas com o mesmo problema.