Rússia estará a executar soldados que recusam combater. Novo Batalhão russo anti-Putin

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Sergei Ilnitsky / EPA

Os Estados Unidos da América (EUA) acusam a Rússia de estar a executar os soldados que recusam ordens para combater. Há vários grupos russos do lado ucraniano, a lutar “contra o regime de Vladimir Putin”.

As forças russas estarão a “executar soldados” que tentam recuar de uma nova ofensiva sangrenta no leste da Ucrânia, onde estão a sofrer perdas significativas.

“Temos informações de que os militares russos estão a executar soldados que se recusam a obedecer a ordens”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, esta quinta-feira em conferência de imprensa.

O responsável norte-americano indicou que Washington está também em posse de informações de que “os comandantes russos estão a ameaçar executar unidades inteiras se tentarem escapar ao fogo da artilharia ucraniana”, embora não tenha fornecido detalhes nem a forma com estes dados chegaram a Washington.

A cidade industrial de Avdiivka, localizada na província de Donetsk, tem sido alvo nas últimas semanas de intensos ataques por parte das tropas russas, que procuram cercá-la à custa de pesadas perdas.

“O exército russo parece estar a usar o que chamaríamos de táticas de ondas humanas”, nas quais centenas ou mesmo milhares de combatentes se movem em direção a um único ponto simultaneamente, criando um efeito de massa que é difícil de ser contido pelos inimigos, declarou Kirby, dando conta de numerosas baixas de soldados de Moscovo.

Russos recusam combater

As informações divulgadas pela Casa Branca surgem no mesmo dia em que as forças ucranianas reclamaram cinco mil baixas das tropas de Moscovo nas últimas duas semanas junto às localidades de Avdiivka e Maryinka, e igualmente indicando que soldados russos estão a recusar-se a combater.

“Desde 10 de outubro, o inimigo perdeu mais de cinco mil pessoas nos setores Avdiivka e Maryinka, entre mortos e feridos [em combate]. Também podemos dizer que o número de veículos blindados [russos perdidos] se aproxima de 400”, disse o porta-voz das forças de defesa ucranianas, Oleksandr Stupun, citado pelo diário digital ucraniano Euromaidan.

Stupun afirmou que as forças russas estão a tentar retirar e redistribuir reservas de outras áreas e dirigi-las para o setor de Avdiivka, mas, em particular, os combatentes das unidades Storm-Z, referiu o porta-voz, recusam-se a lutar.

E viram-se contra Putin

Uma nova unidade chamada Batalhão Siberiano, pertencente à Legião Internacional (que reúne combatentes de todo o Mundo, para dar suporte Ucrânia) e composta por cerca de 50 russos, juntou-se ao Exército ucraniano e está a combater “contra o regime de Vladimir Putin e contra o imperialismo”.

“Atualmente, na Rússia existe uma ditadura (…) Não estou preso, não sou agente estrangeiro, mas tenho a impressão de que o Estado concede cada vez menos liberdades aos seus cidadãos”, disse um dos combatentes, citado pelo Diário de Notícias.

Outro combatente contou que saiu da Rússia há mais de dez anos, devido à perseguição política: “Participei durante muito tempo em ações antigovernamentais e anti-Putin e fui forçado a emigrar”, lamentou.

O Batalhão Siberiano não é, no entanto, a única unidade russa a combater ao lado da Ucrânia. Também o Corpo de Voluntários Russos, que tem vínculos com a extrema-direita e os hooligans, e a Legião da Liberdade da Rússia, batalham contra o dito imperialismo de Vladimir Putin.

Batalha de Avdiivka é decisiva

Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), com sede em Washington, e que monitoriza a evolução da situação militar na Ucrânia, as tropas russas continuavam a conduzir operações ofensivas perto de Avdiivka, na quarta-feira, e registaram avanços.

Nesse mesmo dia, foram divulgadas declarações do ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, durante uma inspeção a um posto de comando no leste da Ucrânia, afirmando que o seu exército está a esgotar as forças armadas ucranianas

Na terça-feira, Mykhailo Podolyak, conselheiro do Gabinete do Presidente da Ucrânia, tinha dito que as forças ucranianas continuavam a resistir às fortes investidas russas e que a batalha de Avdiivka era decisiva.

“Houve muitas, mas penso que esta [Avdiivka] é uma das mais importantes. É a última tentativa da Rússia de tomar a iniciativa na frente”, disse o conselheiro.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

ZAP // Lusa

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