António Costa reafirma necessidade de maioria absoluta. “Não podemos andar de eleições de dois em dois anos”

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Nuno Veiga / Lusa

Secretário-geral admitiu as poucas possibilidades de entendimento com os antigos parceiros de esquerda.

Não é frequente, mas no dia de ontem a vida política nacional viu os dois principais partidos portugueses realizarem grandes eventos simultaneamente. Enquanto o PSD se reunia em Santa Maria da Feira para confirmar a liderança de Rui Rio após as eleições diretas, o PS realizava o Fórum da sua Jota, ao qual António Costa não faltou. No discurso ao fim da tarde, o secretário-geral dos socialistas reconheceu que a geringonça pode já não ser uma solução governativa viável – face à dificuldade de entendimento entre os partidos que a integravam –, pelo que apelou a uma “maioria que dê confiança efetiva no futuro”.

“Há uma coisa que eu tenho de constatar: é que em 2019 já foi assim-assim, em 2020 ainda mais assim-assim e em 2021 manifestamente não existiu [entendimento]”, admitiu. Como tal, não escondeu que o melhor cenário para si será o de uma maioria absoluta, posicionando a escolha que os eleitores têm de fazer em janeiro como sendo entre o próprio e Rui Rio. “A forma de termos a maioria é sermos nós a maioria”, vincou.

António Costa aproveitou ainda a ocasião para, perante os jovens quadros do país, responsabilizar os antigos parceiros à esquerda pelo chumbo do Orçamento do Estado e consequente realização de eleições antecipadas, afirmando que este é um cenário que o PS não desejava. “Não podemos andar de eleições de dois em dois anos, não podemos andar a governar porque nos fazem o favor de nos viabilizar o Orçamento durante dois anos. […] “Temos de governar com as condições e o programa com que nos apresentamos aos portugueses”, esclareceu.

De forma a enfatizar o impacto das opções do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista em relação ao Orçamento do Estado, o secretário-geral do PS elencou todas as medidas que constavam do documento e que, perante o chumbo, acabaram por se desperdiçar, no seu entendimento, como seria o caso do desagravamento fiscal para os mais jovens – que António Costa prometeu recuperar com efeitos retroativos caso o PS vença as eleições.

No discurso, Costa tentou traçar um paralelo com o PSD também no que respeita a opções políticas. Por exemplo, no que respeita ao salário mínimo, que, descreve o líder do PS, os sociais-democratas querem congelar a evolução evocando o argumento de impedir que este atinja o valor dos salários médios. Esta será, contrariamente, uma das prioridades do PS caso governe novamente – apesar de ressalvar que as empresas também devem fazer a sua parte. “Se as empresas querem ser competitivas, também têm de ser competitivas a contratar”, finalizou.

ZAP //

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