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4 das 15 sepulturas na cripta dos Clérigos podem ser de Nasoni

Torre dos Clérigos / Wikimedia

Retrato de Nicolau Nasoni, 1773

Retrato de Nicolau Nasoni, 1773

 

Os investigadores a trabalhar na cripta da Igreja dos Clérigos, no Porto, para descobrir se Nicolau Nasoni está ali sepultado, já analisaram “sumariamente” 15 das mais de 20 sepulturas e, entre essas, há quatro com o “perfil” do arquiteto italiano.

Em declarações à agência Lusa, a coordenadora do projeto, Eugénia Cunha, investigadora do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra, frisou que entre as 15 sepulturas há homens jovens e com idade, mulheres, adolescentes e crianças – inclusivamente uma com 28 semanas de gestação.

Dessas, sublinhou, há quatro que podem pertencer a Nicolau Nasoni pelo fator idade e roupa, que vão ser analisadas em pormenor e à exaustão, nomeadamente através de análises genéticas que, depois, terão de ser confrontadas com familiares diretos.

Em 2014, as obras que decorreram na Igreja dos Clérigos puseram a descoberto uma cripta do século XVIII com mais de 20 sepulturas e o presidente da Irmandade, Américo Aguiar, acredita que uma delas seja do arquiteto Nicolau Nasoni que, há mais de 200 anos, projetou a igreja e a torre anexa.

Eugénia Cunha avançou que das 15 sepulturas já vistas não tem dúvidas de que algumas pertencem ao clero, designadamente a bispos, devido à roupa.

“Contudo, na cripta estão ainda mais sete ou oito sepulturas para retirar, portanto, ainda temos muito trabalho pela frente”, afirmou.

As ossadas encontradas dos homens novos, mulheres, adolescentes e crianças, como estão obviamente excluídas de serem do arquiteto italiano, vão ser colocadas em urnas já na segunda-feira e guardadas na cripta que, entretanto, irá ser limpa e dignificada, explicou.

Das 15 urnas, apenas duas tinham uma placa com o nome de a quem pertenciam.

Para o facto de haver homens, mulheres, adolescentes e crianças na mesma cripta, Eugénia Cunha realçou que acontecia, muitas vezes, famílias deixarem em testamento que queriam ficar juntas.

“Pode igualmente estar relacionado com posses económicas”, ressalvou.

Os trabalhos de investigação, que se iniciaram na quarta-feira de manhã têm como principal dificuldade o espaço, salientou Eugénia Cunha.

“O ambiente dentro da cripta é difícil porque fica irrespirável depois de algum tempo, por isso, temos de sair muitas vezes”, referiu.

Além disso, a cripta é pequena, fazendo com que não possam estar muitos investigadores lá dentro, acrescentou.

“Os caixões com liga de chumbo também não são fáceis de trabalhar”, realçou.

Quanto à hipótese de encontrar Nicolau Nasoni, Eugénia Cunha referiu que “não há certezas de que ali esteja, mas há possibilidades”.

Já o presidente da Irmandade dos Clérigos não tem dúvidas de que Nicolau Nasoni esteja sepultado na cripta.

Os documentos dizem que o funeral de Nicolau Nasoni foi na Igreja dos Clérigos, o assento de óbito refere que também foi aí sepultado, portanto, estou confiante”, afirmou Américo Aguiar.

/Lusa

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