Mais de 350 jornais dos Estados Unidos publicam esta quinta-feira editoriais contra os ataques à imprensa do Presidente Donald Trump, que chegou a chamar à comunicação social “o inimigo do povo norte-americano”.
A iniciativa de criar uma frente comum para desarmar a hostil retórica de Trump, liderada pelo histórico diário The Boston Globe, juntou mais de 100 jornais do país, incluindo grandes títulos como The Houston Chronicle, Minneapolis Star Tribune, Miami Herald e Denver Post.
“Um pilar central da política do presidente Trump é um ataque constante à liberdade de imprensa. Os jornalistas não são considerados concidadãos americanos, mas sim como ‘o inimigo do povo’. Este ataque implacável à imprensa livre tem consequências perigosas”, aponta o editorial do The Boston Globe desta quinta-feira, intitulado “Os jornalistas não são o inimigo” .
Numa carta enviada a centenas de publicações norte-americanas, o “Globe” propôs que publicassem um editorial “sobre os perigos do ataque do Governo à imprensa” e pedissem a outras que se comprometessem a publicar os seus próprios editoriais na mesma data”, em defesa da liberdade de expressão, protegida nos Estados Unidos pela primeira emenda da Constituição.
A editora-adjunta da página editorial do Boston Globe, Marjorie Pritchard, disse ao canal televisivo CNN que “a resposta foi avassaladora” e que, embora inclua alguns grandes jornais, a maioria é de mercados mais pequenos.
O Boston Globe publica ainda uma sondagem feita no início do mês que demonstra o poder de influência de Donald Trump: 30% dos norte-americanos concorda com o presidente quando diz que os jornais, rádios e televisões são “os inimigos do povo” e um quarto dos que responderam considera que Trump devia ter o poder de fechar os média com base no mau comportamento.
Esta resposta conjunta chega uma semana depois de Trump ter insistido mais uma vez em diabolizar a imprensa norte-americana.
“As [empresas de] notícias falsas odeiam que eu diga que são o Inimigo do Povo só porque sabem que é VERDADE. Eu estou a prestar um grande serviço ao explicar isto ao povo americano”, escreveu o chefe de Estado na sua conta da rede social Twitter.
“Os média causam grande divisão e desconfiança de propósito. Também podem causar uma guerra! São muito perigosos e doentes!”, acrescentou.
As constantes referências ofensivas de Trump à imprensa despertaram preocupação em várias organizações internacionais, como a ONU e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que expressaram numa declaração conjunta o seu desconcerto e alertaram para o perigo que tais críticas representam.
Numa altura em que vários jornalistas receberam já ameaças de morte, também alguns especialistas afirmaram recear que eles “possam sofrer atos de violência” devido aos comentários negativos que Trump emite sobre a forma como trabalham.
Por sua vez, o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al-Hussein, sustentou que as agressões verbais do Presidente norte-americano “se estão a aproximar muito da incitação à violência“.
ZAP // Lusa
E o Trump tem razão! Fabricam notícias falsas, deturpam e tiram do contexto excertos dos discursos de Trump, manipulam imagens e só publicam aquilo que interessa à sua narrativa. Por vezes tão descaradamente… Falta de verdade, imparcialidade e honestidade. E por cá, ou por preguiça, incompetência, falta de honestidade ou coragem, importam directamente essas notícias.
Esta estratégia de auto-vitimização é patética.
As notícias falsas têm criado muito mais violência do que qualquer frase do Trump.
Qualquer meio de comunicação que seja inimigo da verdade é claro um inimigo do povo.