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35% de chumbos podem custar 250 milhões por ano

O sistema de ensino português regista uma taxa de chumbos de 35%, o que, de acordo com um estudo centrado na análise do insucesso e abandono escolar, pode custar ao país 250 milhões de euros por ano.

O estudo da Associação EPIS – Empresários Pela Inclusão Social, em parceria com o CESNOVA – Centro de estudos de Sociologia da Universidade Nova, apresenta hoje as suas conclusões finais e recomendações na Escola Secundária Camões, em Lisboa.

Coordenado pelo presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), e ex-ministro da Educação, David Justino, o “Atlas da Educação – Desempenho e potencial de sucesso e insucesso escolar por concelho” decorreu entre 2012 e 2013 com o objetivo de analisar, a nível nacional e concelhio, a evolução dos principais indicadores na Educação a partir dos Censos de 1991, 2001 e 2011, focando-se no insucesso e abandono escolar, tendo em conta o contexto socioeconómico dos alunos.

O documento salienta que 35% de alunos já chumbaram pelo menos uma vez ao longo do seu percurso escolar, o que deve ser entendido como um indicador de que o sistema de ensino nacional “não está concebido para promover o sucesso e a equidade”, frisando o estudo que há “uma cultura de retenção e de abandono que é necessário modificar de forma a atenuar o caráter seletivo desse sistema”.

Apontam-se ainda os custos para o país de uma taxa de 35% de chumbos, que, tendo por base um custo médio por aluno no ensino básico e secundário de 4 mil euros, pode traduzir-se num “desperdício” que “nunca será inferior a 250 milhões de euros por ano”.

Soluções

“A solução não passará necessariamente por proibir a retenção ou de a iludir pela busca de sucesso a qualquer custo. A solução passa antes por preveni-la, e, acima de tudo, contrariar a cultura dominante que a aceita como algo de ‘natural’”.

As conclusões do estudo alertam ainda para resultados de sucesso indiciadores de exclusão: “Numa leitura rápida dos concelhos onde o sucesso dos resultados é obtido à custa de retenção ou abandono, o seu caráter seletivo indicia culturas tradicionais de aparente exigência, mas sem criar valor acrescentando na recuperação dos alunos com maiores dificuldades”.

O “Atlas da Educação” refere ainda uma “manifesta contradição” entre o alargamento da escolaridade obrigatória para o 12.º ano – o que corresponde, regra geral, a um percurso escolar até aos 18 anos – e a legislação laboral, que permite começar a trabalhar aos 16 anos de idade.

“Uma das possíveis soluções seria a regulamentação do trabalho a tempo parcial entre os 16 e os 18 anos de forma a conciliar a frequência escolar e uma integração progressiva no mercado de trabalho”.

/Lusa

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