28 mil milhões de euros: promessa de André Ventura esgota a Segurança Social

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Estela Silva / LUSA

André Ventura, durante a VI Convenção Nacional do Chega

Líder do Chega “rebentaria” com os apoios da Segurança Social se elevasse as pensões mais baixas para o valor do salário mínimo. Proposta equivale a três recuperações da TAP.

Na Convenção Nacional do Chega, em Viana do Castelo, este domingo, André Ventura defendeu, sem explicar a sua implementação, uma medida que pode ser vista como uma utopia.

O líder do partido de extrema-direita prometeu, sem se comprometer com números, uma pensão mínima igual ao salário mínimo num prazo de seis anos, argumentando que Portugal não pode continuar a viver com pensões de “200 ou 300 euros”.

“Eu acho que um país que quer mesmo ter essa grandeza não pode continuar a lidar com pensões de 200 e de 300 euros em Portugal. Com tudo o que isso implicará, com todo o esforço orçamental que é preciso fazer e alguns locais onde será preciso cortar, porque só quem não for honesto dirá que não é preciso cortar. Porque é preciso cortar em muito lado”, disparou, antes de definir a sua meta ideal para as reformas.

“Eu quero deixar-vos o compromisso de que esta missão só será concluída e que o nosso trabalho no Governo só será concluído quando, em seis anos, não há um idoso com pensão abaixo do salário mínimo em Portugal”, garantiu.

As palavras de Ventura mereceram uma reação imediata do líder do Partido Socialista Pedro Nuno Santos.

“O líder do Chega não foi capaz de explicar como é que financia mais sete mil, oito mil milhões de euros por ano e não conseguiu ser convincente porque não é possível. Rebentava com o Orçamento do Estado e rebentava com o sistema público de pensões”, apontou.

Acusando aquele partido de desrespeitar “quem trabalhou uma vida inteira”, o dirigente socialista salientou que “o PS continuará a aumentar rendimentos, mas fará isso com sentido de responsabilidade”, disse. “Nenhum reformado quer conviver com propostas irresponsáveis que podem pôr em causa o sistema público de pensões”, sustentou o socialista, que por sua vez já admitiu que vai “cumprir a lei que regula a atualização das pensões” e quer fixar uma “subida mínima para as pensões mais baixas”.

E a verdade é mesmo essa: Ventura “rebentaria” com os apoios da Segurança Social.

O aumento das pensões mais baixas para o valor do salário mínimo iria comprometer todos os apoios sociais do sistema da Segurança Social em Portugal.

Com um compromisso que, segundo o próprio Chega, representa um custo que pode atingir os nove mil milhões de euros, a despesa nas pensões e complementos ficaria estabelecida em cerca de 28 mil milhões de euros — o valor de todas as prestações sociais em 2022, dos quais 19,7 mil milhões foram para pensões e complementos.

A proposta do Chega equivaleria, lembra o Correio da Manhã esta terça-feira, a três recuperações da TAP.  Ao elevar todas as pensões ao valor de 820 euros, a proposta de nivelação esgota todo o orçamento das prestações e apoios sociais.

ZAP //

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6 Comments

  1. Cortem nestas entre outras:

    Pensões vitalícias de políticos custam 7,3 milhões de euros ao Estado

    Em 2021:
    São 310 os ex-políticos e juízes que recebem pensões vitalícias da Caixa Geral de Aposentações. Os seus valores oscilam entre os 883 e os 13.600 euros
    Há atualmente 310 ex-políticos – entre governantes, deputados e detentores de outros cargos – e juízes do Tribunal Constitucional com direito a subvenções vitalícias da Caixa Geral de Aposentações (CGA). No entanto, destes apenas 238 recebem efetivamente uma subvenção, total ou parcial.

    De acordo com a lista atualizada de beneficiários de subvenções vitalícias publicada este mês pela CGA, os valores das pensões oscilam entre os 883,59 e os 13.607,21 euros.

    Atualmente, o Estado gasta mais de 494 mil euros por mês em subvenções ativas e pagas na totalidade.

    A subvenção mais elevada é a de Vasco Rocha Vieira, último governado de Macau, que recebe 13.607,21 euros.

    O seu antecessor no cargo, Carlos Melancia, tem a segunda subvenção mais elevada, de 9.727,42 euros.

    E o terceiro lugar é ocupado por Jorge Hagedorn Rangel, que integrou também a administração de Macau e que recebe atualmente 6.633,86 euros

    Existem apenas oito subvenções abaixo dos mil euros.

    Há 31 beneficiários com direito a uma subvenção com valor acima dos três mil euros, entre eles o antigo presidente do Governo Regional dos Açores, João Mota Amaral, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros João de Deus Pinheiro, a antiga presidente da Assembleia da República Maria Assunção Esteves e os magistrados José Manuel Cardoso Costa e José Inácio Sousa Brito.

    O projeto de lei, que deu entrada no parlamento em maio do ano passado, visava “o fim da acumulação de pensões por parte dos titulares de cargos públicos e políticos delas beneficiários“, revogando o artigo relativo ao regime transitório introduzido pela lei de 2005 que alterou o regime relativo a pensões e subvenções dos titulares de cargos políticos e o regime remuneratório dos titulares de cargos executivos de autarquias locais.

    As pensões vitalícias dos ex-políticos e juízes do Tribunal Constitucional vão custar, no próximo ano, 9,35 milhões de euros: é um aumento de 8,3%, face aos 8,63 milhões de euros previstos para 2023. Neste momento, segundo a lista de beneficiários deste mês, a subvenção mensal vitalícia (SMV) está atribuída a 293 pessoas, mas, por questões legais, esta prestação é paga total ou parcialmente a 253.

    As remunerações mensais atribuídas aos membros do Conselho de Administração do Banco de Portugal são, portanto, as seguintes:

    As remunerações mensais atribuídas aos membros do Conselho de Administração do Banco de Portugal são, portanto, as seguintes:

    As remunerações mensais atribuídas aos membros do Conselho de Administração do Banco de Portugal são, portanto, as seguintes:
    Remunerações mensais (em euros)
    GOVERNADOR VICE-GOVERNADOR ADMINISTRADOR
    2023 17 473,01 16 380,95 15 288,89

  2. O Fernando tem razão e ainda falta cortar em muitos milhões desperdiçados em coisas desnecessárias….ahhh, e além disso acabar ou até só reduzir a corrupção em 50% chegasse para o Ventura conseguir os objectivos !!!!

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