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Itália vai pagar 18 mil euros a Amanda Knox por danos e despesas

Scott335 / Flickr

Amanda Knox à saída da prisão, em Perugia, em 2011

Um tribunal europeu encontrou falhas em como a polícia italiana inicialmente questionou Amanda Knox, que ficou presa por quase quatro anos em Itália depois de a sua colega de quarto sido morta.

“Knox estada particularmente vulnerável, sendo uma jovem estrangeira, 20 na época, não tendo estado em Itália durante muito tempo e não sendo fluente em italiano”, disse a Corte Europeia de Direitos Humanos numa declaração na quinta-feira.

A decisão examinou os acontecimentos de 6 de novembro de 2007, quando a polícia questionou Knox às 5h45 da manhã sobre a morte de Meredith Kercher, uma britânica que estava a estudar em Perugia, que tinha sido encontrada morta no apartamento que dividia com Knox.

Em 2009, a Justiça italiana tinha condenado Amanda Knox e o italiano Raffaele Sollecito – namorado de Knox – pelo assassinato da estudante. A jovem foi sentenciada a 28 anos e seis meses de prisão e Sollecito foi condenado a 25 anos por homicídio e abuso sexual.

Mas a decisão foi revista em 2011, depois de alguns procedimentos do caso e a recolha de provas de ADN terem sido postos em causa. Na ocasião, os dois réus já tinham passado quatro anos na prisão. A Procuradoria pediu um novo julgamento, no qual a Justiça confirmou o veredicto de 2009.

Em 2015, os juízes da mais alta instância judicial italiana consideraram que os ex-namorados não cometeram o crime e absolveram-nos.

Na quinta-feira, o tribunal disse que a acusação de Knox “foi tomada numa atmosfera de intensa pressão psicológica” e que as autoridades não conseguiram avaliar a conduta da intérprete de Knox.

As autoridades também negaram a Knox o seu direito a um advogado e não provaram que “não tinham prejudicado irreparavelmente a imparcialidade do processo como um todo”.

Por isso, agora, o tribunal mandou que Itália pague cerca de 18.400 euros a Know por danos, custos e despesas.

Knox expressou gratidão pelo anúncio do tribunal. “Fui interrogada durante 53 horas durante cinco dias, sem advogado, numa língua idioma que eu entendia talvez tão bem como alguém com dez anos”, escreveu no seu blog. “Eu confiei nessas pessoas. Eram adultos. Eram autoridades. E mentiram-me”, acrescentou.

Agora com 31 anos, Knox continua a insistir que não teve nenhum papel na morte da sua colega de apartamento.

O caso

Meredith Kercher, nascida no sul de Londres, tinha 21 anos à época do crime. Foi encontrada com a garganta cortada, no apartamento que compartilhava com Knox.

(dr) família Kercher

Meredith Kercher

O principal argumento da acusação era de que Kercher teria morrido após uma espécie de jogo sexual que também envolvia Knox e Sollecito – e que a dada altura terá dado errado. Também foi alegado que a morte teria sido o resultado de uma discussão entre as duas raparigas quanto à limpeza do apartamento onde moravam.

Um terceiro elemento, o marfinense Rudy Guede, também foi condenado pela morte da britânica num julgamento anterior. Guede cumpre uma pena de 16 anos de prisão.

Knox argumenta que Guede (que era traficante de droga) agiu sozinho no homicídio.

ZAP // NPR

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