/

Em 2018, empresas públicas têm de ter um terço de mulheres nos cargos de topo

2

Seis deputados do CDS, entre os quais a líder Assunção Cristas, e os votos do PS e do BE aprovaram, esta sexta-feira, uma lei para tornar mais paritárias a administração pública e empresas públicas e cotadas em bolsa.

Na hora de votação, a bancada do CDS, que tinha liberdade de voto, dividiu-se, mas a líder do partido, Assunção Cristas, e mais cinco centristas, votaram a favor. Do lado direito do hemiciclo, Cristas foi, aliás, a única a aplaudir, de pé, como a maioria dos deputados do PS e do BE, a decisão de hoje da Assembleia da República.

O PCP optou pelo voto contra, dado que não acredita na “eficácia na alteração da governação” dos órgãos, deixando “igualmente intacta a mais profunda das causas de discriminações e desigualdades de que as mulheres são vítimas, a exploração da força de trabalho”.

A proposta de lei prevê, nomeadamente, que, nas empresas do setor público, deve existir uma proporção de pelo menos um terço de mulheres nos órgãos de administração e de fiscalização, a partir de 01 de janeiro de 2018.

Nas empresas cotadas em bolsa, essa proporção “não pode ser inferior a 20%” a partir da primeira assembleia geral eletiva após 1 de janeiro de 2018, e um terço (33,3%) a partir de janeiro de 2020.

Outro dos artigos da proposta de lei define que, até final do ano, o executivo apresente uma “proposta de lei que define o regime de representação equilibrada entre mulheres e homens, aplicando um limiar mínimo de 40% na administração direta e indireta do Estado e nas instituições de ensino superior públicas”.

O incumprimento dos “limiares mínimos” implica, segundo o diploma, a nulidade da designação para esses órgãos, estando o Governo obrigado a apresentar nova proposta num prazo de três meses.

No caso das empresas cotadas em bolsa, o incumprimento levaria a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a declarar provisória a designação desses órgãos.

Segundo o Expresso, a maioria das empresas que se comprometeram, com o Governo anterior, em promover a igualdade de género não cumpriu a promessa. Em 2015, a então secretária de Estado da Igualdade, Teresa Morais, assinou acordos de compromisso com 13 empresas cotadas em bolsa para aumentarem em 30% mais mulheres para lugares de chefia.

Escreve o semanário que, ao fim de dois anos, apenas três dessas empresas honraram o compromisso, entre as quais os CTT, a Media Capital SGPS SA e a Sonae SGPS, de acordo com um balanço da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG).

Depois das votações na Assembleia, as deputadas Elza Pais, do PS, e Sandra Cunha, do Bloco de Esquerda, falaram aos jornalistas para manifestar o seu agrado pela aprovação da lei. Um avanço civilizacional, concordaram.

Elza Pais afirmou tratar-se de um “dia histórico” e sublinhou que, segundo a ONU, e sem uma lei deste tipo, seriam necessários 170 anos para se conseguir este nível de paridade.

A bloquista Sandra Cunha ressaltou que este “é um momento histórico na luta pela igualdade do género”

Na votação, e com liberdade de voto no CDS, votaram a favor, ao lado de Assunção Cristas, Isabel Galriça Neto, Ana Rita bessa, Anacoreta Correia, Helder Amaral e Mota Soares. Contra votaram Cecília Meireles, Ilda Novo, João Rebelo, Filipe Lobo D’Ávila, João Almeida, Telmo Correia e António Carlos Monteiro e abstiveram-se Nuno Magalhães, Vânia Dias da Silva, Patrícia Fonseca e Álvaro Castelo Branco.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Se bem entendo: o que interessa é que seja mulher, mesmo que haja alguém mais competente na empresa. O perpetuar do sexismo (para ambos os géneros) em desrespeito para com a igualdade. Perfeito.

  2. Em 2017 nas escolas terão que existir pelo menos 1/3 de professores do sexo masculino, para haver alguma igualdade; nos hospitais terão que existir pelo menos 173 de enfermeiros do sexo masculino e nas matas terão que existir pelo menos 1/3 de prostitutos do sexo masculino …

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.