Mais de 200 pessoas foram detidas em Hong Kong durante protestos contra o governo na noite de domingo, noticiou esta segunda-feira a imprensa local.
A polícia não divulgou nenhum registo, mas disse por volta da meia-noite (17h em Lisboa) que estava a realizar operações de dispersão e de detenção após repetidos avisos.
As forças de segurança indicaram que os manifestantes entoaram slogans e construíram barreiras para bloquear estradas no distrito de Mongkok, e incendiaram alguns materiais nas ruas.
O pró-democracia que paralisou Hong Kong durante meses no ano passado mostrou sinais de revitalização nas últimas semanas, à medida que a ameaça de coronavírus diminui.
O governo decidiu recentemente permitir reuniões públicas de oito pessoas, acima das quatro anteriormente.
O jornal Apple Daily disse que mais de 200 pessoas foram detidas, enquanto o South China Morning Post classificou o total em mais de 250. Ambos citaram fontes não identificadas. A polícia esperava divulgar os números ainda esta segunda-feira.
A ação noturna nas ruas seguiu-se a vários protestos em centros comerciais no início do dia.
Os manifestantes estão a exigir reformas democráticas na região administrativa especial chinesa e uma investigação sobre a suposta brutalidade policial para reprimir as manifestações que começaram a 9 de junho de 2019.
Os protestos foram desencadeados por emendas a um projeto lei de extradição agora abandonado e que permitiria que suspeitos de crimes fossem enviados para a China continental para serem julgados. O sistema judicial da China é diferente do de Hong Kong e não garante os mesmos direitos ao acusado.
Milhões de pessoas protestaram Hong Kong no ano passado em demonstrações que frequentemente terminavam em confrontos entre alguns dos manifestantes e a polícia, marcados pelo atirar de bombas incendiárias, pelo gás lacrimogéneo e pelo disparo de projéteis, a esmagadora maioria não letais.
As manifestações resultaram em milhares de detenções, entre elas proeminentes ativistas e deputados, e de feridos, registando-se mortes associadas aos confrontos.
Motivados pela proposta que permitiria a extradição de suspeitos de crimes para a China continental, os protestos evoluíram para uma campanha pró-democracia, assente na exigência inicial da retirada da proposta.
Antes da pandemia da covid-19 “arrefecer” os protestos, restavam quatro reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não fossem identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.
A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei da extradição garantem estar agora em causa.
// Lusa