As construtoras e as empresas agrícolas e de outros recursos naturais são os piores pagadores, com prazos acima de cem dias. Já o setor da Energia e Ambiente e alojamento e restauração são os que pagam mais cedo.
De acordo com a edição desta segunda-feira do Diário de Notícias, as empresas portuguesas demoram, em média, 71 dias a pagar aos fornecedores, ou seja, bem mais do que os 60 dias estabelecidos na lei. Segundo o matutino, só 14% das empresas pagam a tempo e horas.
Dados do estudo “Como compram as empresas em Portugal”, realizado pela Informa D&B, revelam que quanto maior a empresa, menos tempo demora a pagar: 59 dias para as grandes empresas; 74 para as médias; 79 no caso das pequenas e 92 dias nas microempresas.
As construtoras são as piores pagadoras, com prazos médios de 131 dias. Pelo contrário, as empresas de energia e ambiente levam apenas 39 dias a liquidar as faturas.
O estudo não inclui nem a banca nem os seguros. Ainda assim, a consultora dá conta de que as entidades empresariais sediadas em Portugal compram 255 mil milhões de euros em bens e serviços, valor que corresponde a 77% do seu volume de negócios e a quase 140% do produto interno bruto.
Mas, segundo a Informa D&B, as empresas de capital estrangeiro “também dinamizam o tecido empresarial nacional”. Dos 76 mil milhões de euros de compras que as empresas de capital estrangeiro fazem ao ano, cerca de 59% são encomendas a fornecedores nacionais – quase 45 mil milhões de euros.
Contudo, a maioria das compras entre empresas “não são feitas a pronto pagamento“, implicando risco associado. A Informa D&B estima que estejam por liquidar 50 mil milhões de euros.
Para avaliar o risco comercial, a consultora desenvolveu dois modelos que classifica de risco de failure e de risco de delinquency. Enquanto que o primeiro avalia a probabilidade de, nos próximos 12 meses, uma entidade cessar a atividade sem liquidar as suas dívidas; o segundo analisa a probabilidade de, no mesmo prazo, a empresa se atrasar nos pagamentos em mais de 90 dias a pelo menos um dos seus credores.
O estudo concluiu que 72% das empresas têm um risco de failure “mínimo ou reduzido”. Já quanto ao risco de atraso, são mais de 50 mil as empresas que registam um “risco elevado ou médio-alto”, correspondentes a 35 mil milhões de euros.