Governo compra 139 mil computadores fornecidos pela empresa do Magalhães

d.r. JP Sá Couto

Depois de ter lançado o Magalhães, que foi distribuído aos alunos do 1.º ciclo pelo Governo de José Sócrates, a JP Sá Couto vai voltar a fornecer computadores ao Estado.

De acordo com o Correio da Manhã, o Governo comprou 139 mil computadores que serão fornecidos pela empresa JP Sá Couto. A empresa já entregou 54 mil computadores e vai entregar mais 85 mil, no âmbito do projeto Escola Digital.

A empresa responsável pelo Magalhães, que foi distribuído aos alunos do 1.º ciclo a partir de 2008, esteve envolvida em polémica nessa altura devido à adjudicação por ajuste direto relativa ao primeiro lote.

Agora, segundo o diário, a JP Sá Couto vai fornecer quase um terço dos 455 mil computadores cujos concursos foram abertos pelo Governo e ganhos pelas três operadoras de telecomunicações móveis: MEO, NOS e Vodafone.

“Não existe qualquer ligação contratual com o Ministério da Educação”, afirmou fonte oficial da empresa ao CM, sublinhando que “a jp.ik, unidade de negócio para a educação da JP Sá Couto, forneceu e fornece equipamentos a clientes seus, com o objetivo final de venda ao Ministério de Educação e a variadas Câmaras Municipais, assim como a outras entidades”.

Ou seja, neste caso, a empresa fornece os computadores às três operadoras móveis. “Foi-nos adjudicado por um cliente a compra de 39 mil unidades em 2020”, revelou a mesma fonte, acrescentando que “as previsões apontam para a produção de cerca de 85 mil unidades de computadores Classmate PC a um dos clientes que ganhou em concurso público internacional lançado no ano passado”.

Segundo o jornal, somam-se ainda 15 mil portáteis anunciados pelo Executivo, a 4 de fevereiro, para entregar no reinício das aulas à distância. Na altura, o Conselho de Ministros autorizou uma despesa de 4,5 milhões de euros para “aproveitar um negócio de ocasião”.

A empresa não revela por quanto vendeu os computadores aos operadores móveis mas, feitas as contas, o matutino escreve que cada unidade terá custado cerca de 300 euros ao Executivo.

O CM recorda que a empresa foi absolvida, em 2014, de um longo processo em que era acusada de associação criminosa e fraude fiscal. Em causa estava a fuga ao pagamento do IVA num valor superior a cinco milhões de euros entre 1998 e 2001.