Impasse na sucessão a Portas deixa CDS à beira de crise existencial

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CDSPP / Facebook

Os deputados Luís Pedro Mota Soares e Assunção Cristas na bancada parlamentar do CDS

Ao cabo de 16 anos de liderança, Paulo Portas despediu-se do CDS-PP numa “noite comovente” e “serena”, como disse, que esconde os receios com o futuro do partido. No horizonte ainda não há nenhum candidato assumido para a sucessão.

Assunção Cristas e Nuno Melo têm sido apontados como os mais fortes candidatos a sucederem a Paulo Portas, mas ambos recusam dar já um passo à frente na corrida.

No Conselho Nacional que marcou o adeus de Portas ao CDS-PP, os dois vice-presidentes recusaram abordar sequer o assunto.

“Com certeza que não é este o tempo, hoje é o tempo do doutor Paulo Portas”, disse Assunção Cristas aos jornalistas, notando que é preciso manifestar a gratidão pela sua “dedicação extraordinária” ao partido.

Nuno Melo alinhou pelo mesmo discurso, frisando a “liderança extraordinária” e as “muitas vitórias” que Portas deu ao CDS, considerando que o tempo é de “uma homenagem justa”.

E depois do Conselho Nacional que marcou a sua despedida após 16 anos de liderança, Portas falou de “uma noite comovente” e “serena”, manifestando “a maior confiança na nova geração do CDS” e sublinhando que “há gente óptima para abrir alas ao futuro”.

Isto depois de ter apresentado aos conselheiros nacionais uma short-list de candidatos, conforme noticia o Público que frisa que Portas aponta para a sua sucessão os nomes de Nuno Melo, Assunção Cristas, Telmo Correia, Nuno Magalhães, Cecília Meireles, Adolfo Mesquita Nunes e Filipe Anacoreta Correia.

Um gesto do ex-vice-primeiro-ministro que “desagradou aos conselheiros nacionais”, segundo nota o Público, realçando que vêem nele “um condicionamento na escolha do partido sobre a sua futura liderança”.

Certo é que os populares têm dado nota de que esta sucessão está a ser tranquila e sem contestações internas, com o vice-presidente João Almeida, que já se retirou da corrida, a sublinhar a ideia da “serenidade” defendida por Portas.

“Não há uma discussão sobre nomes, não há gente a querer pôr-se à frente de outros, há muita gente a discutir o partido”, nota João Almeida.

Mas tanta tranquilidade soa mais a estratégia política do que a sentimento real no seio de um partido que, subitamente, se vê sem o líder dos últimos 16 anos, no rescaldo da saída de um governo em que fez coligação com o PSD.

O CDS-PP vê-se forçado a uma redefinição política, o que poderá estar a contribuir para este impasse na sucessão a Portas. A grande pergunta é saber quem é que no Partido poderá ser o melhor estratega para o seu futuro.

O Conselho Nacional do CDS está marcado para os dias 12 e 13 de Março e logo se verá que resposta, ou respostas, haverá a essa dúvida existencial dos populares.

SV, ZAP

3 Comments

  1. Depois de liquidar o CDS fazendo juz à sua vaidade e ambição pessoal, retira-se para não ficar com a “batata quente”. Deixa um partido sem “perfil” próprio, um partido que provávelmente já nem sequer existe. As semelhanças de carácter e fotogénicas (os media adoram quem gosta de se ouvir e ver) com Marcelo Rebelo de Sousa são enormes. Pelo menos esta paródia de pessoa “irrevogável” tem a vantagem de poder ser uma antevisão de um futuro em que Marcelo ganha a presidência, arruina o país e depois quiçá emigra para um paraiso fiscal.

  2. Afinal a preocupação da existência ou continuidade do CDS parece apenas vir do exterior segundo o artigo e comentários aqui expostos mas acredito que eles saberão ser suficientemente grandes de valores e ideias para continuar a provocar muita azia a muitos “democratas” da nossa praça.

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