Centeno exalta-se com as críticas do PSD. “Não faz ideia do que é um banco!”

António Cotrim / Lusa

O ministro das Finanças, Mário Centeno, no debate do OE 2017

Mário Centeno zangou-se no Parlamento com as críticas do deputado do PSD António Leitão Amaro e aumentou o tom para lhe responder, durante a audição sobre a Caixa Geral de Depósitos.

“Não faz a menor ideia do que é que é um banco”, atirou Centeno ao deputado do PSD, acusando-o de, “em vez de estudar o assunto, usar uma atitude de tablóide pondo palavras dramáticas no seu discurso”, conforme cita o Dinheiro Vivo.

Esta reacção do ministro das Finanças, durante a audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA), surgiu depois de António Leitão Amaro ter dito que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) “está decapitada duas vezes num ano, com uma administração em gestão”.

Na sua intervenção perante os deputados, Centeno referiu que “a Caixa provou o seu papel como âncora da estabilidade do sistema”, nos últimos anos, marcados pela crise internacional.

Neste ambiente adverso, a CGD demonstrou ser uma “instituição de referência e confiança” com uma papel essencial no crédito, “dando estímulo ao crescimento português”, acrescentou o ministro.

“É nessa leitura daquilo que é o sistema financeiro hoje que a necessidade de haver um banco público é ainda mais clara”, apontou Centeno, como forma de justificar o processo de recapitalização.

“Não há vazio de poder”

Mário Centeno garante também, na Comissão, que a CGD tem “uma administração que pode praticar todos os actos” e que, logo, “não há um vazio” de poder no banco,

“Nem os reguladores e supervisores permitiriam tal coisa”, acrescenta o ministro, notando que a equipa de Paulo Macedo vai tomar posse “nos próximos dias”, uma vez que o processo de aprovação, que envolve o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco de Portugal (BdP), “está numa fase muito adiantada”.

Sobre a saída da anterior administração presidida por António Domingues, Centeno destaca que o pedido de demissão foi um “choque”.

“Obviamente, a substituição da administração no mês de Dezembro foi um choque do ponto de vista do processo, mas não teve nenhum impacto no processo de capitalização”, garante Centeno.

De acordo com o governante, as fases do processo de recapitalização, num montante superior a 5.000 milhões de euros, “estão a ser cumpridas” e estão a ser acompanhadas pelo BCE, pela Comissão Europeia (através da Direcção-Geral de Concorrência) e pelo Mecanismo Único de Supervisão.

Plano do governo anterior era “irrealista”

Quanto ao elevado valor da recapitalização, Centeno diz que é o montante necessário para “colocar a Caixa em condições de concorrência” com as demais instituições financeiras, conforme declarações divulgadas pelo Dinheiro Vivo.

Neste âmbito, o ministro aproveitou para lançar farpas ao governo PSD-CDS, nomeadamente para notar que “o plano de negócios anterior não foi cumprido porque era irrealista”. “A capitalização não era suficiente e não tinha requisitos de capital suficientes para enfrentar as dificuldades que o sistema tinha naquele período”, constata ainda.

“Era impossível voltar a falhar e impossível gerir com a Comissão Europeia um processo semelhante ao que outros bancos tiveram em Portugal, com sucessivas tentativas de submissão de planos nunca aprovados”, conclui Centeno, conforme cita o Dinheiro Vivo.

ZAP // Lusa

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