Santa Casa tem novo provedor. Ministra arrasa Ana Jorge (outra vez)

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(dr) Governo de Portugal

Paulo Alexandre Sousa, novo provedor da Santa Casa

Paulo Alexandre Sousa vai ser o sucessor de Ana Jorge – que foi alvo de novas acusações. BE também quer comissão de inquérito.

O economista Paulo Alexandre Sousa será o próximo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, anunciou na noite passada a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, justificando o nome escolhido com a experiência em gestão e na área social.

Maria do Rosário Ramalho foi ouvida na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, a pedido dos partidos Iniciativa Liberal e Partido Socialista, por causa da situação financeira da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), a internacionalização dos jogos sociais e a exoneração da Mesa da provedora Ana Jorge.

Segundo um comunicado do Governo, divulgado após a ministra anunciar no parlamento o nome do novo provedor, Paulo Alexandre Sousa, de 56 anos, tem formação em Gestão de Empresas, pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), tendo passado pela banca, nomeadamente enquanto presidente da comissão executiva do Banco Comercial e de Investimentos, S.A e pela Direção Central de Financiamento Imobiliário da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Internacionalmente, entre 2013 e 2019 representou os interesses da CGD em Moçambique, tendo sido também representante de Portugal na Comité de Assuntos Económicos, no âmbito da Federação Hipotecária Europeia.

“Tem também experiência na área social, tendo sido vice-presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, fazendo parte da direção do núcleo da Costa do Estoril durante dois mandatos. Voltou, no presente mandato, a integrar a referida direção. Possui experiência em matérias relacionadas com o setor imobiliário, tendo sido responsável pela criação do Mercado Social de Arrendamento”, adianta o comunicado do Governo.

Mas, entretanto, a Cruz Vermelha Portuguesa explicou ao ZAP que Paulo Alexandre Sousa nunca foi vice-presidente da Cruz Vermelha Portuguesa: foi vice-presidente da delegação da Costa do Estoril. Além disso, “esta era um cargo que o Dr. Paulo Alexandre Sousa já desempenhava antes da atual direção da Cruz Vermelha Portuguesa ter tomado posse”, lê-se na nota enviada pela Cruz Vermelha.

Ainda no setor imobiliário esteve ainda à frente da gestão de um fundo de desenvolvimento urbano, tutelado pelo Instituto de Habilitação e Reabilitação Urbana e pela CGD.

Tem também experiência na docência no ensino superior, áreas da Matemática, Marketing Financeiro, Gestão e Imobiliário.

“Em breve, será anunciada a data da respetiva tomada de posse e a constituição da restante Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa”, adianta o comunicado.

A administração da SCML foi exonerada a 29 de abril passado, tendo a ministra Maria do Rosário Ramalho justificado a decisão de afastar Ana Jorge e a sua equipa por uma “total inação” face à situação financeira na instituição e por não ter um plano de reestruturação para a inverter, tendo ainda acusado a Mesa destituída de se ter beneficiado a si própria com aumentos salariais.

Ana Jorge tomou posse em 2 de maio de 2023, escolhida pelo anterior Governo socialista de António Costa, e herdou uma instituição com graves dificuldades financeiras, depois dos anos de pandemia e de um processo de internacionalização dos jogos sociais, levado a cabo pela administração do provedor Edmundo Martinho, que poderá ter causado prejuízos na ordem dos 50 milhões de euros.

No entanto, Ana Jorge foi demitida dois dias antes de ter direito a uma indemnização – mas foi “forçada” a continuar em regime de gestão corrente, até ser encontrada nova administração, agora anunciada.

Novas críticas

Na mesma audição, a ministra do Trabalho acusou Ana Jorge de ter ocultado aumentos na ordem dos 20% a médicos e enfermeiros da instituição, comprometendo a Santa Casa com encargos futuros.

Maria do Rosário Ramalho criticou os aumentos da massa salarial perante a situação financeira da instituição.

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social disse que lhe pareceu “muito bem” a negociação com os sindicatos para um Acordo de Empresa, mas chamou a atenção que isso pressupõe que “uma empresa em restruturação aumente em média os trabalhadores 6,2%.

“A senhora provedora ocultou-me a informação de que fez dois acordos, com o pessoal de enfermagem e os médicos que prevê um aumento de 20%, 10% no ano de 2024 e mais 10% no ano de 2025”, revelou Maria do Rosário Ramalho.

Compromete a Santa Casa para encargos futuros”, criticou. Segundo a ministra, a provedora exonerada da Santa Casa de Lisboa “ encontrou [na Santa Casa] um cancro financeiro, que tratou com paracetamol”, apontando que a situação financeira piorou com Ana Jorge.

Em resposta ao facto de ter dito, numa entrevista ao canal de televisão RTP, que os membros da Mesa se beneficiaram com aumentos nos próprios vencimentos, a ministra explicou que se referiu ao facto de entre 2022 e 2023 os órgãos sociais terem sido aumentados em 20%.

Por outro lado, defendeu que o despacho que decorre dos estatutos da SCML, e que sustenta os aumentos, diz que são feitos por referência ao estatuto do gestor público e não por indexação.

Outro pedido de comissão

O Bloco de Esquerda vai pedir a constituição de uma comissão de inquérito à gestão da Santa Casa, à semelhança do Chega e da Iniciativa Liberal, por causa dos investimentos “ruinosos” ligados à internacionalização dos jogos sociais.

“Investimentos que se revelaram desastrosos e nós queremos conhecer em detalhe esses investimentos”, disse o deputado José Soeiro, em declarações aos jornalistas, no final da audição de Maria do Rosário Ramalho.

O deputado do Bloco de Esquerda disse querer olhar com cuidado para a auditoria que foi pedida aos investimentos da Santa Casa Global, para a internacionalização dos jogos sociais,.

“Primeiro porque queremos conhecer os factos e queremos conhecer quem são os responsáveis, por que foram feitos investimentos de forma tão pouco cuidada e investimentos tão estranhos e tão duvidosos”, explicou.

Acrescentou que a segunda razão tem a ver com “uma narrativa que está a ser alimentada” de que a situação causada por essas “más decisões” dos gestores deverá agora repercutir-se nos trabalhadores da instituição.

“Isso, do nosso ponto de vista, é inaceitável e por isso precisamos responsabilizar quem tomou essas decisões”, disse o deputado José Soeiro.

(artigo actualizado, com esclarecimento da Cruz Vermelha)

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Dos “bons”!.
    A la PSD, “dos melhores”.
    Dizem substituir a miséria….mas colocam a S C. a pedir… competência e seriedade, no mínimo.
    Mais uns cacos para a coleção deste grupelho que se diz governo, mas não passa de máquina destruidora.
    Um desastre que se agiganta em cada (des)feito.

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