Ataques de orcas não param. Mais um iate afundado no estreito de Gibraltar

Um grupo de orcas afundou um iate à vela no Estreito de Gibraltar no passado fim de semana. Apesar de estes animais serem tipicamente pacíficos, este é o mais recente episódio de uma série de ataques que atingiram a região nos últimos quatro anos.

A embarcação Alboran Cognac transportava duas pessoas e deparou-se com as orcas pelas 9 horas da manhã do passado domingo.

Os passageiros relataram golpes repentinos no casco e no leme antes de a água começar a infiltrar-se no navio, tendo sido um petroleiro a resgatar as duas pessoas a bordo e a transportá-las para Gibraltar.

Os especialistas acreditam que as orcas envolvidas neste ataque são uma subpopulação de cerca de 15 indivíduos, a que foi dado o nome de “Gladis“.

Este grupo de machos juvenis afundou vários iates no Estreito de Gibraltar nos últimos quatro anos, mas os especialistas estão um pouco perplexos quanto à razão. Apesar de serem animais pacíficos, o grupo de Gladis tem atormentado a pequena faixa de água que separa a Europa de África durante anos.

Em março, a Cruising Association emitiu um aviso preventivo sobre ataques de orcas na costa portuguesa. Até então, tinha havido quatro incidentes este ano, estando previsto um pico entre abril e setembro.

Segundo o Quartz, desde maio de 2020, registaram-se cerca de 700 interações entre orcas e navios na região do Estreito de Gibraltar, uma tendência que se mantém até hoje e ainda sem explicação clara.

Fotografias do grupo Gladis, datadas de 2020, revelaram vários ferimentos nos corpos dos animais, possivelmente na sequência de confrontos anteriores com barcos de pesca.

Numa entrevista à NPR, no ano passado, a diretora do Orca Behavior Institute, Monika Wieland Shields, disse que a motivação é desconhecida, mas que poderia ser um comportamento de defesa baseado em traumas anteriores.

“É possível que as orcas tenham tido experiências negativas com um barco de pesca, pelo que agora vêem todos os barcos grandes como uma ameaça”, referiu.

“Eu acho que as orcas são capazes de sentir emoções complexas, como a vingança. Não acho que possamos descartar completamente essa possibilidade”, acrescentou.

Outra teoria plausível é o facto de bater em barcos ser a última moda das orcas, segundo Renaud de Stephanis, presidente e coordenador da CIRCE Conservación Information and Research, um grupo de investigação de cetáceos.

Também em entrevista à NPE, Renaud de Stephanis disse que “isto é um jogo” para as orcas e que, quando estas “tiverem a sua própria vida adulta, provavelmente irá parar”. Isto porque, à medida que estes animais envelhecem, têm de ajudar o grupo a caçar alimentos e têm menos tempo para brincar com os veleiros.

Outros cientistas acreditam que os ataques a barcos terão sido iniciados que uma orca “traumatizada” num “momento crítico de agonia” — e que o comportamento está a espalhar-se entre a população através de “aprendizagem social”.

ZAP //

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