Europeias: o segundo debate teve dois debates

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// DR; Livre; PAN; Lusa

António Tânger Corrêa, Catarina Martins, Francisco Paupério e Pedro Fidalgo Marques falaram sobre imigração, guerra, defesa, UE e clima.

António Tânger Corrêa, Catarina Martins, Francisco Paupério e Pedro Fidalgo Marques foram os protagonistas do segundo debate televisivo rumo às eleições europeias.

Nesta quarta-feira, na RTP, os candidatos de Chega, Bloco de Esquerda, Livre e PAN falaram sobre imigração, guerra, defesa, União Europeia e clima.

Na imigração, Tânger Corrêa (Chega) repetiu a intenção de uma imigração “controlada”, mas ao mesmo tempo tem a noção de que Portugal precisa de imigrantes devido a uma “taxa de natalidade muito fraca”. E elogiou os brasileiros em Portugal.

Catarina Martins (BE), que começou cedo a atacar o Chega, negou a ideia da extrema-direita: “Não se pode fazer de conta que há uma onda descontrolada”. O problema em Portugal é a “regularização” das pessoas que já estão cá e que já fazem descontos para a Segurança Social. E criticou a tripla “exploração” de alguns imigrantes: da parte do Estado, senhorios e empresas.

Francisco Paupério (Livre) acha que deveria haver “corredores humanitários” para quem está em situação de emergência. E contrariou o Chega: “Nós não temos as portas escancaradas, as pessoas para entrarem cá têm de ter regras”.

Pedro Fidalgo Marques (PAN) disse que o pacto das migrações “pode afectar portugueses que vão para a Europa”: a possível detenção de qualquer pessoa durante cinco dias, se não tiver documentos. E é preciso assegurar “salários para toda a gente”.

A guerra na Ucrânia não deve justificar um investimento da UE a nível militar. “Seria escalar o conflito. Temos de ir atrás da paz e não da escalada do conflito”, avisou Paupério.

Pedro Marques não acredita em “utopias” e, por isso, não acredita que tudo se vai resolver com negociações. Mas defende o apoio permanente à Ucrânia.

Catarina Martins critica o “cinismo” da UE em relação à Ucrânia, querendo uma estratégia europeia diferente: “A Ucrânia tem direito a defender-se, mas é preciso um caminho para a paz”.

Tânger Corrêa pretende uma “integridade territorial total da Ucrânia e uma cooperação que assegura à Rússia uma cintura de segurança feita pela própria Ucrânia”. Mas recusa a ideia de a Ucrânia ceder territórios.

Na Defesa, o candidato do PAN apela a uma “resposta multinacional”, mas sem exército europeu; a cabeça-de-lista do BE disse que a Europa “só não tem independência estratégica porque não quer”; o Chega defende o mínimo de 2% do PIB na Defesa, já que estar equipado “é uma forma de dissuasão”; o Livre aponta para uma Europa que “tem de decidir se quer ter uma política de segurança comum”.

Sobre o alargamento da UE, Francisco Paupério crê numa maior estabilidade europeia com a entrada de países do Leste; Pedro Fidalgo Marques não vê o alargamento como um problema e quer sempre uma UE aberta; Catarina Martins avisa que os tratados têm de ser alterados; António Tânger Corrêa acha que “cada país é que vai ditar a velocidade da sua adesão à UE”.

Por fim, a transição climática. O Livre afastou-se do PAN ao separar “a justiça social de justiça ambiental”; o PAN afastou-se do Livre na questão do novo aeroporto (não queria em Alcochete) e alega que há propostas do Livre que eram do PAN; o Chega, segundo Tânger Corrêa, é “o primeiro a preservar o ambiente” porque é “o partido mais votado no mundo rural e não há ninguém que trate melhor do ambiente do que o mundo rural”; o BE só vê criação de riqueza com transição climática.

No geral, como descreve o Sapo 24, foram quase dois debates no mesmo programa: Chega-BE e Livre-PAN. Não se concretizou a ideia de Chega contra os outros três.

Catarina Martins, que atacou particularmente Tânger Corrêa, foi a melhor participante neste debate, analisa o Observador.

ZAP //

1 Comment

  1. Um debate surpreendentemente calmo e civilizado, em que se destacam as pérolas do Tânger (“vive-se melhor em alguns campos de refugiados do que nos Anjos”, a criminalidade brasileira aumentou) e a falta de rigor da Catarina nas contas da defesa europeia. Se em vez do diplomata troloró fosse o Ventura, a coisa tinha corrido de outra maneira, de certeza.

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