Estudo revela um efeito colateral preocupante de sentir-se aborrecido

Uma nova experiência concluiu que quando estamos aborrecidos temos uma maior propensão a tomar decisões que nos são prejudiciais.

Uma nova investigação da Universidade de Maastricht, publicada na revista Motivation and Emotion, revela que o tédio pode influenciar significativamente os indivíduos a envolverem-se em comportamentos de auto-agressão não suicida (NSSI), mesmo quando existem alternativas positivas.

A equipa realizou experiências com 129 participantes, predominantemente estudantes universitários do sexo feminino, para explorar a relação entre os estados emocionais e a seleção de estímulos desagradáveis.

Os participantes foram divididos em três grupos e designados para escrever sobre temas concebidos para induzir tédio, raiva ou neutralidade. O grupo do tédio escreveu repetidamente a palavra “Abramson”, o grupo da raiva contou memórias pessoais de raiva e o grupo da neutralidade descreveu o seu trajeto de casa para a universidade.

Durante estas tarefas, os participantes podiam optar por ouvir um som agradável (chilrear dos pássaros) ou um som desagradável (gritos de porco), tendo a equipa registado a frequência das suas escolhas.

Os resultados indicaram que os participantes na condição de tédio escolheram o som desagradável com muito mais frequência do que os participantes nas outras condições. Curiosamente, não se registou uma diferença notável na escolha do som desagradável entre as condições de raiva e neutra.

Este facto sugere uma ligação específica entre o tédio e a propensão para se envolver em estímulos negativos. O estudo também analisou se os traços de personalidade, como a urgência negativa (a tendência para agir impulsivamente sob emoções negativas), ou um historial de NSSI poderiam influenciar este comportamento. No entanto, estes fatores não pareceram moderar a relação entre o tédio e a seleção de estímulos desagradáveis, frisa o Psy Post.

Estes resultados são significativos porque demonstram que a tendência para adotar comportamentos NSSI sob tédio não se limita apenas a situações em que não há opções positivas disponíveis. Isto contradiz as crenças anteriores de que tais comportamentos eram mais prováveis em ambientes como a prisão ou ambientes clínicos, onde os indivíduos têm escolhas positivas limitadas.

Uma limitação apontada pelos investigadores é a utilização de sons aversivos como substituto da auto-mutilação física, que normalmente envolve dor, um fator não reproduzido por estímulos auditivos desagradáveis. Apesar disso, os resultados abrem novas vias para compreender como estados emocionais aparentemente benignos, como o tédio, podem desencadear ações prejudiciais.

ZAP //

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